O nível da atividade na indústria manteve-se estável no terceiro trimestre. Segundo Sondagem Industrial divulgada nesta sexta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a valoriação do câmbio e os juros altos, além da redução na concessão do crédito consignado, diminuíram o consumo.

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Com isso, afirma pesquisa, houve acúmulo de estoques indesejados pelo terceiro trimestre seguido e redução do número de empregados, sobretudo nas pequenas e médias empresas.

- As pequenas e médias empresas sentem mais rápido os efeitos da conjuntura econômica - disse o coordenador da Unidade de Pesquisa, Avaliação e Desenvolvimento da CNI, Renato da Fonseca. As perspectivas para os próximos meses também pioraram.

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O indicador de produção foi de 49,4 pontos, o que mostra acomodação da atividade, que se estende por quase todo o ano de 2005. Há um ano, o indicador de produção havia atingido 60 pontos.

A estabilidade atingiu empresas de diferentes portes. Houve queda na produção em 9 dos 17 setores pesquisados. Os piores resultados foram observados em madeira, mobiliário, metalurgia e mecânica. Na outra ponta, registraram leve crescimento na produção produtos farmacêuticos, material de transportes, matérias plásticas e produtos alimentares.

O faturamento se comportou de igual maneira, sendo que as empresas menores registraram queda no terceiro trimestre. O indicador relativo ao emprego, de 48,2 pontos, mostra leve redução do mercado de trabalho industrial.

"O ano de 2005 está se caracterizando pela acomodação do nível de emprego, após forte expansão em 2004", diz o boletim. Pequenas e médias empresas estão fechando postos de trabalho. Fonseca lembrou que essas empresas são responsáveis por mais de 60% do emprego industrial.

A queda mais acentuada foi no setor de madeira. Apenas o setor de produtos farmacêuticos registrou aumento significativo no número de empregados.

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A desaceleração da atividade industrial foi responsável pela estabilidade no nível de utilização da capacidade instalada, que manteve-se em 72% nos três trimestres de 2005. Sazonalmente, as empresas aumentam o uso da capacidade instalada no terceiro trimestre. Mas outro fator que pode explicar essa redução na intensidade do uso do parque produtivo é a realização de investimento para aumentar a capacidade de produção.

A Sondagem Industrial mostrou também que o acúmulo de estoques indesejados foi maior nos setores de têxtil e vestuário, e calçados.

- Estoques elevados são um sinal de que a produção deverá desaquecer nos próximos meses porque as empresas vão esperar para diminuir a quantidade de produtos estocados - explicou o economista da CNI.

No terceiro trimestre, a saúde financeira das empresas piorou. A lucratividade ficou estável e bem abaixo dos 50 pontos, o que indica que a margem de lucro continuou caindo. Entre os 17 setores analisados, destaca-se perda de lucratividade assinalada pelos setores têxtil, borracha, couros e peles, metalurgia, mobiliário e madeira.

A pesquisa ouviu 1.254 pequenas e médias empresas e 204 grandes no período de 26 de setembro a 18 de outubro. Os indicadores da Sondagem Industrial variam de zero a cem pontos e valores inferiores a 50 pontos indicam expectativa negativa.

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