Na manhã desta sexta-feira (23), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Instituto Rio Branco (IRBr) abriram as inscrições para o concurso público que selecionará 30 novos diplomatas. As inscrições vão até o dia 10 de julho e requerem o pagamento de uma taxa de R$ 225.
Com salário inicial de quase R$ 17 mil e o papel de representar o Brasil no exterior, a dificuldade do concurso é renomada. Ao todo, são três etapas de seleção e 40 horas de provas.
Como é a prova para diplomata
A primeira etapa da seleção, uma prova objetiva, deve acontecer no dia 13 de agosto nas capitais de todos os estados e do Distrito Federal. São 73 questões sobre língua portuguesa e inglesa, história brasileira e mundial, geografia, política internacional, noções de economia, direito e direito internacional público. O prazo para execução das perguntas é de seis horas, que são divididas em duas etapas por um intervalo de duas horas e meia.
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Em seguida, os aprovados passam às fases de provas discursivas. A prova de língua portuguesa é composta por uma redação de tema geral e dois exercícios de interpretação, análise ou comentário. Já a prova de língua inglesa, inclui, além da redação sobre um tema geral, uma tradução do inglês para o português, uma do português para o inglês e um resumo, em inglês, de um texto na mesma língua. Cada uma delas tem duração de cinco horas e devem ser aplicadas, respectivamente, em 30 de setembro e 1º de outubro.
Aqueles que se classificam para a terceira fase, chegam às provas discursivas de história do Brasil, política internacional, geografia, noções de economia, e noções direito e direito internacional, sendo que cada um temas tem quatro perguntas discursivas.
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Por fim, os candidatos devem demonstrar sua proficiência em espanhol e francês elaborando resumos na língua estrangeira a partir de um texto escrito na mesma língua e escrever versões de textos do português para a língua estrangeira. Cada uma das seis provas tem duração de quatro horas e devem ser aplicadas ao longo de três dias, de 6 a 8 de outubro.
Outras informações sobre o processo seletivo estão disponíveis no edital de abertura do concurso. Os 30 melhores classificados, considerando as normas do edital, assumem, então, o cargo de terceiro-secretário da carreira de diplomata e ingressam no curso de formação do IRBr, em Brasília, com duração de três ou quatro semestres.
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Dedicação e interesse por uma carreira única
Rubens Campana procurou a graduação em jornalismo porque sempre teve interesses muito diversos. Porém, percebeu que muitas das disciplinas em que tinha interesse, como história, economia e política internacional, faziam parte da formação de diplomatas. Já formado, em 2009, inspirou-se no cunhado, que já tinha sido aprovado no concurso do Itamaraty, e em nomes como Joaquim Nabuco e Roberto Campos e resolveu mudar os rumos da sua vida.
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“Eu nunca pensei em prestar outros concursos públicos e meu interesse foi mais pela própria profissão de diplomata do que pelo funcionalismo público em geral”, conta. Quando decidiu prestar o concurso, parou de trabalhar e se dedicou aos livros por um ano. “Foi um ritmo bastante intenso de estudo e um período durante o qual abri mão de muitas atividades. Fiz um cursinho preparatório para a prova e também aulas particulares, e tive que me aplicar muito em disciplinas com as quais nunca tinha tido contato, como Direito”.
A dedicação valeu a pena e já em 2011, depois de concluir o curso do Instituto, passou a trabalhar nas sedes do MRE em Brasília. No trabalho diário, encontrou a diversidade que o interessava desde cedo. “Entre os assuntos de que tratei estiveram barreiras sanitárias para produtos agrícolas brasileiros, desenvolvimento sustentável durante a preparação para a Rio+20, acordos internacionais de serviços aéreos, diplomacia digital e a preparação de visitas presidenciais ao exterior”.
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Representando o Brasil para o mundo
Embora seja voltada para a atividade internacional, é comum que o diplomata atue tanto na capital federal como em embaixadas, consulados e missões junto a organismos internacionais fora do país, alternando períodos no Brasil e fora dele.
O caminho mais natural, segundo Campana, é o profissional trabalhar por alguns anos na sede do Itamaraty, seguido de um período de 2 a 4 anos em um dos 225 postos do Brasil no exterior. Ultrapassando as fronteiras nacionais, as possibilidades são múltiplas, incluindo lugares como embaixadas na Argentina, Angola ou Japão, missões permanentes do Brasil junto à ONU em Nova York e Genebra, ou consulados em cidades como Istambul, na Turquia, e em Cobija, na Bolívia.
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Depois de passar por missões curtas em países como África do Sul, Venezuela, Paraguai, China, Japão e Etiópia, ele ocupa, desde fevereiro, seu primeiro posto no exterior, na Embaixada do Brasil em Washington.
“A profissão permite ter experiências pessoais muito interessantes, e é realmente um motivo de grande orgulho e alegria poder representar o Brasil no exterior. Mas é preciso também ter em mente que a carreira exige do diplomata e da família mudanças constantes, muitas vezes para países com uma língua incomum e com costumes diferentes dos nossos”, pondera. Há, ainda, o desafio de cônjuges continuarem suas próprias carreiras e do choque cultural para a família toda.
Com tanta mudança, fica a dúvida: a carreira de diplomata vale todo o esforço? “Certamente vale a pena para quem estiver disposto a enfrentar o processo de preparação para as provas de admissão e sentir identificação com uma profissão muito particular”.
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Quem se interessar pelo desafio pode tirar as dúvidas no site do Instituto Rio Branco (www.institutoriobranco.mre.gov.br), que tem sessões especialmente dedicadas às perguntas mais frequentes sobre a carreira, o curso de formação e o concurso de admissão à carreira de diplomata.