O renomado economista americano Paul Krugman - da Universidade de Princeton e um dos principais colunistas do "New York Times" - iniciou as palestras do Segundo Congresso Internacional Derivativos e Mercados Finaceirosa com o tema "Panorama econômico global".

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Krugman prevê um novo choque da economia mundial em até três anos. Sobre o Brasil, ele considera inexplicável a manutenção do atual patamar dos juros básicos no país, de 19,75%.

- A economia brasileira tem tido um crescimento bom, mas não espetacular. O crescimento não precisa ser restringido, atualmente, para evitar a inflação. A taxa atual é altíssima. É difícil entender o porquê de isso ser necessário - avaliou.

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Segundo ele, houve, no passado, uma aceleração da inflação e esse risco não é imaginário. Porém, em sua avaliação, o risco de o país ser agressivo no corte de juros não é tão grande como era há alguns anos.

- Acho que o foco deve ser alterado agora para uma maior expansão econômica - disse.

O economista americano considera estranho um país em desenvolvimento como o Brasil manter juros reais acima de 10%. Para ele, o normal seriam juros entre 8% e 9% e não em patamares iguais a 13% ou 14%.

- Fiquei surpreso com a manutenção dos juros na última reunião (do Copom), mas não surpreso o suficiente que me pareça estranhíssimo - afirmou o economista, em entrevista à imprensa, logo depois de sua palestra.

Visivelmente cauteloso e até constrangido diante da insistência dos jornalistas para comentar sobre a ata do Copom desta quinta-feira, Krugman evitou fazer julgamentos diretos:

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- Não posso julgar quão rápido os juros deveriam cair e em que proporção, mas não faz sentido mantê-los tão altos - disse.

Krugman insistiu em que o foco do Brasil deveria ser a expansão econômica e que não existe risco algum de uma explosão inflacionária. Indagado sobre quais seriam os motivos pelos quais a política monetária brasileira não produz resultados como em outros países, o economista respondeu não saber, mas afirmou que juros reais de 14% nos Estados Unidos, como os que hoje existem no Brasil, seriam inaceitáveis.

Sobre a crise política e seus efeitos na condução do País, Krugman acredita que, independentemente do desfecho desse processo todo, a política econômica será mantida:

- Não quero julgar (a situação política brasileira). Mas acho que as políticas fiscal e monetária não vão mudar. Pelo menos ninguém falou sobre isso até agora.

Apesar de fazer esforços para não comentar a situação política do País, que mergulhou o governo e o Partido dos Trabalhadores em uma das maiores crises dos últimos anos, Krugman se disse desapontado com a dificuldade para resolver problemas essenciais, como a questão social.

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- O decolar do Brasil parece ser apenas algo do futuro - lamentou.

Ele disse que há décadas espera que a concentração de renda no Brasil e na América Latina diminua.

- Tecnicamente, isso é possível, pois existem recursos - destacou o economista.

Segundo Krugman, a América Latina vive um momento de "perda de fé" em suas estratégias de desenvolvimento. A sensação decorre de duas apostas frustradas: a primeira, no pós-Guerra, priorizava a expansão do mercado doméstico, e a segunda, concebida há cerca de 20 anos, enfatizava a abertura da economia para o exterior. Embora tenham trazido benefícios pontuais, nenhuma das duas táticas conseguiu alçar o crescimento econômico a níveis satisfatórios.

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