Proprietários das quatro fazendas interditadas pela Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab) por suspeita de febre aftosa divulgaram laudos assinados por cinco veterinários, nesta sexta-feira à tarde, atestando que nenhum dos 19 animais suspeitos apresenta sintomas da doença. Segundo matéria do Jornal de Londrina deste sábado, eles dizem não saber quais foram os critérios utilizados pela Seab para apontar que os animais apresentavam os sintomas clínicos da aftosa e criticaram a demora na divulgação do resultado dos exames laboratoriais. O resultado somente deve ser divulgado na semana que vem porque novas amostras foram solicitadas pelo laboratório.
No último dia 21, a Seab divulgou que havia suspeita de aftosa no Paraná. Seriam 19 bois, sendo que 12 estavam em uma fazenda na cidade de Grandes Rios (Fazenda Santa Isabel), 3 em Loanda (Fazenda Santa Maria), outros 3 em Amaporã (Fazenda São Luiz) e mais 1 em Maringá (na fazenda do Centro de Ensino Superior de Maringá). Na ocasião, o governo não informou os nomes das fazendas.
Esses animais teriam sido comprados no leilão Dez Marcas, realizado entre os dias 1º e 9 de outubro no Parque Ney Braga, em Londrina. Segundo o governo, esses animais teriam vindo do Mato Grosso, da região de Eldorado, onde no dia 10 deste mês foi confirmada a existência de um foco de febre aftosa. O governo estadual ainda interditou outras fazendas no Paraná que teriam comprado rebanho no leilão, apesar de não apresentarem sintomas.
Contestação
Proprietários e representantes das quatro fazendas e o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Edson Luiz Neme, convocaram uma entrevista coletiva para apresentar os laudos de médicos veterinários particulares assinados na quarta e quinta-feira. Nos documentos, os veterinários afirmam não terem encontrado nenhum sintoma clínico para aftosa nos animais que estão nas quatro fazendas."Está claro que não houve nenhum caso (de animal) que se observasse o surgimento de sintomas que viessem a colaborar com a suspeita de aftosa. Na nossa propriedade não está ocorrendo nenhuma alteração clínica (nos animais) e isso pode ser um forte elemento para que o resultados dos exames se mostrem negativos", afirmou o coordenador do curso de medicina veterinária da Cesumar e responsável pela fazenda da instituição, Raimundo Alberto Tostes. "Nenhum animal apresenta sintoma vesicular", disse.
Na semana passada, quando anunciou as suspeitas de aftosa, o governo informou que os 19 animais apresentavam sintomas como salivação excessiva e mancavam, conseqüências do aparecimento de aftas na boa e casco. A doença impede o animal de se alimentar, perdendo peso até morrer. "Não recebemos qualquer documento da Seab que apontava a existência dos sintomas", disse Tostes.
Ele e os demais participantes da coletiva evitaram dizer que estavam "contestando" os laudos da Seab. "Estamos apenas falando o que constatamos. Até porque não podemos contestar algo que não foi colocado claramente; os laudos dos técnicos não foram apresentados, nem os critérios que eles usaram para caracterizar a suspeita de aftosa", disse o coordenador do Cesumar.
O gerente e médico veterinário da Fazenda Santa Isabel (Grandes Rios), Clayton Lopes de Paula, ressaltou que um termo de vistoria da Seab, do dia 17, teria indicado que os animais não apresentavam sintomas. "Na sexta-feira, no mesmo dia em que o governo divulgou as suspeitas, técnicos estiveram na fazenda e disseram que não havia sintomas. Eu vi os animais. Nenhum apresentava sintomas", enfatizou.
A Sociedade Rural também divulgou uma nota oficial, onde, além de enfatizar que os laudos particulares não apontaram a existência de sintomas de aftosa, alega que os animais nas quatro fazendas "encontram-se alimentando normalmente e ganhando peso".
A Secretaria de Agricultura do Estado informou que aguarda o resultado dos exames oficiais e que espera que os laudos apresentados pelos criadores estejam corretos, porque isso elimina a suspeita de aftosa no Paraná.
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