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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou nesta quinta-feira que sejam destinados recursos para indenizar os produtores que tiveram gado sacrificado por causa da aftosa e que tenham cumprido todas as normas de vacinação. Um fundo de emergência também deve ser criado para atender aos produtores rurais. Haverá uma nova reunião para decidir os valores. A estimativa é que seja necessária a liberação de R$ 8 milhões. Estuda-se também a possibilidade de usar o Exército para vigiar a fronteira com o Paraguai.

A decisão de indenizar os pecuaristas foi comunicada pelo ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que esteve reunido com o presidente da República e com o governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT. Segundo o ministro, o presidente também defendeu um amplo programa continental para combater a doença e um aumento da fiscalização nas fronteiras.

Ainda de acordo com o ministro, não há como o Brasil combater a aftosa se outros países não adotarem medidas semelhantes, porque sempre haverá focos na fronteira.

Também nesta quinta-feira, o Ministério da Agricultura divulgou que subiu de 31 para 41 o número de países que fecharam seus mercados à importação de carnes brasileiras, total ou parcialmente. De acordo com o Departamento de Assuntos Sanitários e Fitossanitários da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, agora a Bolívia, Cingapura, Egito, Moçambique, Namíbia, Noruega, Paraguai, Peru, Ucrânia e Uruguai também integram a relação de clientes que decretaram veto à produção nacional.

A notícia dos novos embargos chega justamente no momento em que os frigoríficos voltam a fazer abates em Mato Grosso do Sul. A liberação de parte do comércio com São Paulo possibilitou a retomada da produção.

Há 11 dias São Paulo proibiu a entrada de carne e de boi em pé, vindos de Mato Grosso do Sul. Nesse período, 100 mil cabeças de gado deixaram de ser abatidas. Nesta quinta-feira, com a publicação da portaria autorizando a entrada de carne maturada e sem osso, as vendas para o estado de São Paulo foram retomadas.

Foram criados corredores sanitários na divisa com o Mato Grosso do Sul para o trânsito de produtos com destino a São Paulo e a outros estados, além da exportação.

Horas depois da abertura do mercado paulista, o gado começou a chegar aos frigoríficos em Campo Grande. Funcionários do setor de abate comemoraram a volta ao trabalho.

- A gente ficou mais sossegado um pouco - disse o encarregado Josimar Brito.

Pela manhã, 30 carretas saíram de uma indústria em Bataguassu, na divisa entre os dois estados.

A reabertura do mercado da carne dá um fôlego para as indústrias frigoríficas de Mato Grosso do Sul. O setor emprega 70 mil funcionários e a possibilidade de demissão em massa, por enquanto, está descartada. O mercado brasileiro ainda está fechado para a carne produzida pelos cinco municípios infectados pelo vírus da febre aftosa. Os três frigoríficos instalados na região estão com máquinas paradas. Em um deles, em Iguatemi, que tem mais de mil funcionários, demitiu 170 trabalhadores na quarta-feira.

- Isso causa um prejuízo enorme, porque são 1.200 funcionários que nós temos que pagar e nós não estamos produzindo - disse o gerente Evaristo Baziqueto.

Na fazenda Jangada, em Eldorado, na quarta-feira foram sacrificados 325 animais. Nesta sexta-feira deve continuar o abate do rebanho de quase quatro mil cabeças. Em Japorã, o sacrifício dos animais doentes ainda não começou.

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