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Delphi

Maior produtora de autopeças dos EUA pede falência

DETROIT - Depois de meses de ameaça, a Delphi, maior fornecedora de autopeças dos Estados Unidos, declarou falência neste sábado, na maior quebra de uma empresa automotiva do país. O pedido reforça as profundas dificuldades financeiras enfrentadas pela companhia e mostra que a crise nos setores de aço e de aviação finalmente chegaram a Detroit.

O pedido também representa uma ameaça para o estado de Michigan, onde a Delphi tem o maior número de empregados.

- Tomamos esta decisão porque estamos determinados a atingir competitividade para as operações da Delfhi nos Estados Unidos - disse Robert S. Miller, presidente da Delphi, em um comunicado.

Segundo ele, a empresa não pode mais "ficar encurralada por altas exigências legais e sujeita a acordos trabalhistas que a impossibilitam de competir".

Miller espera que a companhia saia da situação de falência no primeiro semestre de 2007. O pedido foi feito apenas para as operações da empresa nos Estados Unidos, não para o restante do mundo.

A empresa tem uma linha de crédito de US$ 4,5 bilhões e disse em seu comunicado que continuará a fazer suas entregas de acordo com os contratos. Entre os clientes da Delphi estão todas as empresas automotivas, sendo que a GM é a maior delas. Um dos motivos para a crise da empresa foi a sua separação da GM e a conseqüente redução de encomendas.

Em 1999, a GM concordou em pagar planos de saúde e de pensão para os aposentados da Delphi caso ela fosse à falência em oito anos. Analistas financeiros calculam que esta promessa poderá custar US$ 6 bilhões à empresa.

Um grupo de credores, liderados pelo JP Morgan Chase Bank e o Citigroup Global Markets se comprometeu em emprestar US$ 2 bilhões com privilégios de pagamento quando a empresa sair da falência.

O pedido foi feito na Corte de Falências de Manhattan com base no capítulo 11 da regulação que prevê proteção para os credores. A Delphi, que emprega perto de 50 mil americanos e 185 mil trabalhadores ao redor do mundo, reportou perdas de US$ 5,5 bilhões nos últimos seis trimestres e seu caixa vem diminuindo. Com metade de seus negócios vindo da GM, sua fortuna recuou quando a parceria foi desfeita.

Três meses atrás, a diretoria contratou Miller, que tinha um histórico bem-sucedido de recuperação de empresas. Ele dizia que a Delphi pediria a sua própria quebra antes de mudanças na lei no dia 17 de outubro, a menos que a GM concordasse com um plano multimilionário de indenização e um acordo com sindicatos de trabalhadores que abririam mão de vantagens e benefícios.

Nesta semana, a esperança de que este acordo complexo sairia do papel terminou, com trabalhadores dizendo que poderiam não aceitar os cortes propostos nos salários. A Delphi queria que os trabalhadores aceitassem receber entre US$ 10 e US$ 12 a hora, contra US$ 26 a US$ 30 pagos atualmente.

O argumento de Miller é de que a empresa não pode sustentar sua força de trabalho nos Estados Unidos, se trabalhadores da China e do México ganham apenas uma fração de seus salários e benefícios.

A empresa tem 31 unidades em 13 estados, entre eles Michigan, Ohio, Alabama e Califórnia.

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