Aquele grupo de WhatsApp e a troca de mensagens de e-mail ou pelo Facebook com seus colegas de trabalho pode ser algo bem mais útil do que apenas uma ferramenta para compartilhar fotos ou organizar o happy hour. Essas plataformas podem ser grandes aliadas das empresas na hora de identificar o potencial de seus funcionários, prever desempenho e até mesmo encontrar futuros líderes.
Um levantamento feito pela norte-americana VoloMetrix revela uma relação entre as interações entre funcionários e seus resultados. Especializada em softwares de análise de dados, ela monitorou o comportamento de funcionários em redes internas e percebeu que os membros mais atuantes também se destacavam em outros setores.
Esses grupos são uma evolução das redes internas existentes em qualquer companhia. A diferença é que, ao serem levadas para o ambiente digital, elas geram dados que podem ser quantificados e qualificados — e são essas informações que as empresas estão começando a usar para mensurar e prever seu desempenho e o dos funcionários.
Um dos pontos destacados pela VoloMetrix aponta exatamente essa questão de performance. Em um dos escritórios analisados, as pessoas com os melhores resultados tinham redes consideradas fortes 36% maiores que a média, enquanto aqueles que estavam rendendo menos estavam 6% abaixo dos demais. Isso ajudou a prever o desempenho dos funcionários de maneira muito mais precisa que um gestor faria.
Cultivando líderes
A proatividade é uma das características relacionadas às redes fortes, como aponta o professor e coordenador dos cursos de RH da Faculdade OPET, Ronaldo Rangel. Para ele, esses grupos ajudam a revelar competências implícitas, como resolução de problemas, engajamento e outras habilidades úteis para a vida corporativa.
A liderança é outra dessas capacidades identificadas pela análise dos dados das networks digitais. Elas podem mostrar à empresa o potencial de cada funcionário e auxiliar na hora de encontrar aqueles com um perfil de líder. “Em momentos de crise, quando você não pode desperdiçar dinheiro, é importante fazer investimentos precisos em quem realmente tem algo a oferecer. Assim, saber quem são essas pessoas é mais do que fundamental”, aponta Rangel.
Para o professor, isso ajuda até mesmo na hora de definir quem deve receber uma promoção, pois aponta quem está realmente alinhado com os valores organizacionais. “Quando uma pessoa toma uma atitude e assume um posicionamento, ela passa a se destacar. Ela demonstra coragem, opinião e, por isso, se difere dos demais”, conclui.
Empresas precisam aprender a usar os benefícios dos grupos
O fortalecimento de redes internas para o desenvolvimento de lideranças é algo ainda pouco usado no Brasil. O especialista em RH da Faculdade Opet Ronaldo Rangel explica que algumas organizações já se atentaram para os benefícios do networking digital, mas não utilizam uma metodologia capaz de extrair resultados. Um dos desafios para isso é entender como usar a tecnologia.
“Algumas empresas ainda veem nisso um problema. Elas se preocupam apenas com o tempo desperdiçado pelo funcionário, sem pensar em como aquilo pode trazer coisas positivas”, conta Rangel, destacando que esses grupos internos ainda estão muito centralizados na mão dos gestores de recursos humanos. “Não há como manipular ou controlar esses grupos. É um processo inteiramente coletivo”.
Assim, as empresas precisam saber lidar com o crescimento das redes e incentivar seu bom. De acordo com ele, é preciso ignorar as “bobagens” para destacar comentários e compartilhamentos que agreguem algo. “O reforço positivo vale muito mais que a punição”.
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