O Ministério da Educação (MEC) quer dobrar o número de doutores formados pelas universidades brasileiras até 2010. Esta é a meta do novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), entregue dia 5 de janeiro ao ministro da Educação, Tarso Genro. A proposta, elaborada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), é dividida em cinco partes e pressupõe que o país passe dos atuais 8 mil doutores para 16 mil nos próximos cinco anos.
Segundo reportagem de Guilherme Voitch, da Gazeta do Povo de quarta-feira (6), pela proporção estabelecida no PNPG, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, passaria de 210 doutores titulados para mais de 400. Para isso, o governo federal teria de investir mais R$ 1,66 bilhões em bolsas e fomento de pós-graduação. O texto completo do Plano ainda não chegou às reitorias das universidades, mas já existe divergência quanto aos principais pontos do projeto discutidos anteriormente entre a Capes e as instituições. "Dá para chegar nesse número, mas a Capes precisa repensar o foco", afirma o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da UFPR, Nivaldo Rizzi.
Uma das recomendações do programa dá conta do aumento de 20% na proporção de bolsas por aluno titulado, incluindo mestrado e doutorado, para as áreas de ciências, engenharias e computação. "O plano tem uma profunda relação com a política industrial prevista pelo governo", disse o ministro Tarso Genro, ao receber o texto. Para Rizzi, fixar os esforços em só uma área, de acordo com a vontade do governo, é um erro. "Somos críticos em relação a essa medida aqui na Federal. A ciência tem um aspecto meio anárquico. Não podemos ser induzidos pela política governamental. Precisamos de engenheiros, sim, mas também precisamos de doutores em Botânica, História, Sociologia..."
O pró-reitor também critica o modelo de avaliação do Capes que autoriza o doutorado. Segundo Rizzi, o Ministério tem sido "produtivista". Ele cita como exemplo o curso de graduação em Ciências do Mar, da UFPR, que funciona em Pontal do Paraná. De acordo com o professor, houve a proposta da criação de um doutorado em Ciências do Mar, negado pela Capes. "Havia infra-estrutura, tínhamos 20 doutores no corpo docente, mas a Capes entendeu que o número de artigos científicos e técnicos escritos pelos nossos professores era baixo e alegou falta de produção intelectual. Mas o que importa mais? A produção individual dos professores ou a capacidade produzir bons profissionais? A própria Capes está freando a expansão do sistema", critica.
Rizzi acredita que a adoção de um modelo interinstitucional de doutorado, com o conteúdo dividido em mais de uma universidade, pode ajudar o MEC a alcançar seu objetivo. "Estamos muito divididos em pólos de especialidades. Precisamos de uma maneira de minimizar isso."
O Plano de Pós-Graduação reconhece o desequilíbrio regional. A região Sudeste concentra mais de 50% dos cursos de mestrado e doutorado, enquanto que no Centro-Oeste e Norte os índices não passam de 7%. Para Tarso Genro, a proposta para a pós-graduação está ligada também à qualidade do ensino básico, porque proporcionará avanço na capacitação de professores. "O Brasil jamais deixará de ser medianamente desenvolvido se não investir em todas as áreas da educação", disse.
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