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Profissões

Mercado exige cada vez mais dos médicos

O neurocirurgião Luiz Henrique Garcia Lopes atende em hospitais, dá aulas em universidade e divide consultório com o pai: “Até construir um nome, não é fácil” | Gilberto Abelha/Gazeta do Povo
O neurocirurgião Luiz Henrique Garcia Lopes atende em hospitais, dá aulas em universidade e divide consultório com o pai: “Até construir um nome, não é fácil” (Foto: Gilberto Abelha/Gazeta do Povo)

No século 19, o diploma de Medicina era símbolo de distinção social. Hoje, os salários acima da média e a relativa facilidade para entrar no mercado de trabalho são parte da explicação para a alta procura pela profissão. Mas o mercado já não é o mesmo, garantem especialistas. Quem quer ocupar boas vagas tem de apresentar um nível de especialização muito maior que há algumas décadas.

De acordo com um estudo feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV), os médicos com mestrado ou doutorado estão no topo da lista de chance de ocupação, com 93% de probabilidade de estar empregado. A Medicina está no topo das carreiras mais bem pagas do país, à frente de Administração, Direito, Ciências Econômicas e Contábeis e Engenharia, com remuneração salarial média de R$ 8.977 para mestres e doutores e R$ 6.705 para graduados. Em compensação, os médicos também lideram a lista do número de horas trabalhadas por semana, com uma jornada média de 52 horas.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior empregador e absorve boa parte dos profissionais devido à alta demanda. Apesar da média salarial apontada pelo estudo da FGV, há vagas no serviço público que pagam apenas R$ 1,5 mil para uma jornada de 40 horas semanais. "Além de não oferecer bons salários, os concursos públicos, muitas vezes, não dão condições adequadas de trabalho", diz o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina, Alexandre Gustavo Bley.

A Medicina é um dos cursos mais concorridos no vestibular. No último da Pontifícia Uni­versidade Católica do Paraná (PUCPR), um em cada três inscritos pretendia ser médico. "Todos os que entram saem formados. Não há desistência", garante o coordenador do curso de Medicina da PUCPR, Emilton Lima Junior. Quem decide cursar Medicina em universidade particular paga o valor de um apartamento – na PUCPR, a despesa é de aproximadamente R$ 250 mil. Para ter o retorno desejado, não adianta ficar só com a graduação. "Antes, o diploma de médico era suficiente. Hoje, se não tiver uma especialização, o profissional tem dificuldade para iniciar uma carreira", afirma Lima Junior.

Para começar

O Paraná tem hoje 18.919 médicos e, a cada ano, cerca de 900 novos profissionais se formam nas dez faculdades de Medicina do estado. Esses recém-formados investem, normalmente, em três segmentos iniciais: plantões, emprego público ou privado e consultório próprio.

Manter um consultório não costuma ser a opção de quem está começando. Para pagar todas as despesas de manutenção, é preciso fazer um número alto de consultas por mês e "ter um nome". Depois de 12 anos se preparando para exercer a profissão, o neurocirurgião Luiz Henrique Garcia Lopes está no mercado há três. Ele conta que, mesmo tendo feito especialização na França, o início na profissão não foi dos mais simples. "Eu atendo em hospitais, dou aula na UEL [Universidade Estadual de Londrina] e tenho consultório com meu pai. Mas, até construir um nome, não é fácil", conta.

Em breve, Lopes vai superar mais um obstáculo para se consolidar no mercado – a associação a um grande plano de saúde. "A maior parte dos pacientes são conveniados à Unimed e, para se associar a ela, leva três anos", diz Lopes, referindo-se ao tempo mínimo de experiência exigido pela Unimed Londrina para o ingresso na cooperativa.

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