A queda 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do país no 3º trimestre do ano reacendeu a discussão em torno da redução dos juros e reforçou as estimativas dos agentes econômicos e financeiros de que a queda nas taxas passará a ser mais expressiva. O mercado financeiro começou a antecipar essa redução, nesta quarta-feira, por meio das previsões dos juros futuros para 2006 e 2007, ainda que timidamente.O Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2006 fechou com taxa de 18,10% ao ano, contra 18,15% do fechamento de terça-feira. O DI de outubro fechou com taxa de 16,83% anuais, frente aos 17% anteriores. A taxa do DI de janeiro de 2007 caiu de 16,90% para 16,71% anuais.
As apostas em queda mais acelerados dos juros fez a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) superar o primeiro impacto gerado pela queda da atividade econômica do país e acabou por fechar em alta nesta quarta-feira. O Índice Bovespa terminou o dia em 31.916 pontos, com alta de 0,84% no dia. No acumulado de novembro, o índice teve valorização de 5,71%.
A alta de 0,82% com a qual o dólar fechou nesta quarta-feira não o impediu de ter um desempenho bastante negativo no acumulado do mês. A moeda americana fechou cotada a R$ 2,205 na compra e R$ 2,207 na venda. No acumulado do mês, houve desvalorização de 2%, mesmo com as agressivas compras de dólares feitas pelo Banco Central no período. No ano, a queda do dólar já é de 16,84%.
O risco-país brasileiro, medido pelo EMBI+ Brasil, fechou em 341 pontos centesimais nesta quarta-feira, em queda de 2 pontos. No mês, a queda do risco-país brasileiro foi de 15 pontos.
O EMBI+, calculado pelo banco de investimentos JP Morgan nos países emergentes, reflete o desempenho dos juros de uma cesta de títulos da dívida dessas economias. Quanto maior o risco-país, maiores os juros pagos pelos títulos de um país, o que significa maior desconfiança dos investidores. O risco-país brasileiro está próximo de sua menor marca histórica, de 337 pontos, registrada em outubro de 1997.
Ações
A queda da atividade econômica no terceiro trimestre, com revisão para baixo do primeiro e do segundo trimestres do ano, levou a bolsa a cair até 1,12%. Um dado ruim já era esperado, mas a queda foi maior que as previsões mais pessimistas. Por todo o dia, no entanto, a bolsa conservou baixa moderada.
A moderação na queda e a alta na última hora de negociação é atribuída ao aumento das apostas em cortes de juros mais agressivos daqui por diante. Quanto mais altos os juros, maior a dificuldade das empresas em conseguir crédito e investir em produção. Com a economia em desaceleração, o Banco Central pode se ver obrigado a afrouxar a política econômica, para reanimar a atividade econômica.
A revisão positiva do PIB americano no terceiro trimestre foi outro fator positivo, embora as bolsas americanas tenham reagido com baixa.
Entre as 57 ações do Índice Bovespa, as maiores altas ficaram com Sadia PN (=4,63%) e Cemig ON (+4,44%). As quedas mais significativas do índice ficaram com Brasil Telecom Participações ON (-3,23%) e Banco do Brasil ON (-2,70%).
Dólar
A aposta em cortes de juros mais agressivos também teve efeito sobre o câmbio. Com juros mais baixos menos dólares entrariam no país em busca de ganhos, fazendo a cotação parar de cair.
- Há risco de o crescimento do PIB ficar abaixo de 3% este ano, e isso retira todo o enfatizado sucesso da política de combate à inflação. A dúvida é se valeu a pena, ou se o país teria alcançado resultado melhor com uma taxa de juros mais baixa - disse Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da corretora NGO, salientando que os juros mais baixos também teriam evitado uma depreciação exagerada do dólar, como vem acontecendo.
Geralmente o Banco Central não costuma comprar dólares no último dia do mês, quando é definida a taxa de referência para liquidação de contratos do mercado futuro. Apesar disso, a instituição comprou dólares no mercado à vista (por R$ 2,202) e promoveu leilão de swaps reversos, o que equivale a uma compra de dólares no mercado futuro. O leilão de swaps desta sexta-feira foi o terceiro consecutivo, e o quinto desde que o BC retomou esse tipo de operação.
Paralelo
O dólar paralelo negociado em São Paulo fechou em alta de 0,41%, cotado a R$ 2,35 na compra e R$ 2,45 na venda. O dólar turismo de São Paulo recuou 0,86%, a R$ 2,15 e R$ 2,30 na compra e venda, respectivamente.
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