O Ministério da Agricultura contra-atacou na guerra que trava com o setor agrícola do Paraná. Depois de ter sido acusado de querer impor a febre aftosa ao estado, divulgou uma nota técnica em que afirma que o governo estadual atrasou em cinco dias a comunicação de suspeita da doença e fez exames "clandestinos" para comprovar essas supeitas. As informações são do repórter Valmir Denardin, da Gazeta do Povo. As acusações integram a Nota Técnica n.º 35 da Secretaria de Defesa Agropecuária do ministério, elaborada no último dia 18 de novembro e assinada pelo diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA), Jorge Caetano Júnior.
A nota também esclarece alguns pontos obscuros que surgiram no decorrer da briga entre representantes da Secretaria da Agricultura e do Ministério. Um deles é a acusação de que o Paraná teria fraudado exames. Na realidade, o governo federal afirma que o estado fez exames em um laboratório da própria Secretaria da Agricultura, que não é autorizado pelo ministério.
O outro ponto esclarecido seria a acusação de que o ministério havia proposto que o Paraná assumisse a doença, mesmo sem comprovação. Na nota, o diretor do ministério confirma que a proposta foi feita, mas garante que essa seria a única forma de dar uma satisfação aos compradores entre eles a União Européia, que questionou os procedimentos adotados no Paraná.
Ele assegura que, em virtude dos sintomas e da vinculação epidemiológica (os animais sob suspeita foram trazidos de Mato Grosso do Sul, onde já havia focos), as normas da OIE determinam que uma suspeita oficial seja tratada como foco, o que implicaria no abate ou o sacrifício sanitário dos animais. O governo do Paraná recusou essa proposta e insistiu para que se investigasse se foi outra doença que provocou os sintomas.
Segundo a nota, reproduzida em parte pela Gazeta do Povo desta sexta-feira, os procedimentos atribuídos à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) geraram "preocupação" e "poderão causar danos de grande proporção à credibilidade dos serviços veterinários brasileiros, com possíveis conseqüências negativas no que diz respeito à recuperação do status sanitário anterior. Desde 2000 e até a comunicação da suspeita à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), o Paraná era considerado área livre de febre aftosa com vacinação.
O governo do Paraná e a Secretaria da Agricultura ainda não se posicionou oficialmente sobre as acusações do Ministério.
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