Quando se preparava para retirar ou amenizar as restrições impostas à produção de carnes e ao trânsito de animais e seus subprodutos – por conta de suspeita não confirmada de febre aftosa –, o Paraná foi surpreendido nesta sexta-feira por uma nota do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), informando que os exames feitos no Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) ainda "não esclarecem o quadro clínico" sobre a suposta existência de focos da doença no estado. A situação irritou autoridades e representantes dos setores produtivos.

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Segundo reportagem de Valmir Denardin e Glória Galembeck, da Gazeta do Povo e Jornal de Londrina, respectivamente, o ministério afirma que ainda não se posicionou de maneira conclusiva porque os animais sob suspeita apresentaram sintomas compatíveis com os da aftosa, eram originários ou tiveram contato com bovinos da região de Mato Grosso do Sul, onde já foram registrados 22 focos da doença. Além disso, segundo a nota, os resultados do Lanagro não foram suficientes para esclarecer a suspeita. "Os técnicos do Mapa entendem que um diagnóstico conclusivo não se restringe apenas a resultados de exames laboratoriais", afirma.

Sem o laudo conclusivo, o Paraná não pode retirar a declaração de área de risco sanitário que impede a circulação de animais e subprodutos em 36 municípios das regiões Noroeste e Central, num raio de 25 quilômetros das quatro propriedades onde 19 animais teriam apresentado sintomas semelhantes aos de aftosa em meados de outubro. Também não pode liberar os eventos com animais – feiras, leilões, e rodeios –, proibidos desde então. E o estado continua sofrendo com as barreiras impostas a seus produtos por vários governadores.

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O diretor-geral da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), Newton Pohl Ribas, afirmou que o ministério age com excesso de precaução. Na quinta-feira, o governo estadual já havia divulgado que o Paraná estaria livre da aftosa.

Representantes dos setores afetados também criticaram o ministério. "O episódio só causou prejuízo aos produtores e arranhou a credibilidade do país junto aos importadores", afirmou o presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette. O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Ícaro Fiechter, disse que o setor está sendo prejudicado pelas barreiras nas divisas com o Paraná e pela greve dos fiscais federais agropecuários, o que impede a certificação da carne para exportação. O presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Édson Neme Ruiz, declarou que a indefinição aumenta a possibilidade real da entrada da aftosa no Paraná, já que está proibida a vacinação do gado num raio de dez quilômetros das quatro propriedades interditadas. Foi a SRP, sediada em Londrina, que realizou o leilão com os animais que depois apresentaram os sintomas de aftosa.