O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou esta manhã que a área econômica do governo exagerou na dose, ao ser conservadora no manejo da taxa básica de juros (Selic). Segundo o ministro, a rigidez na política monetária acabou esfriando a economia.
- Não temos efetivamente qualquer sinal no Brasil de que haja inflação de demanda. Nós temos é o oposto. Há setores que trabalham com ociosidade. Na construção civil isto é claríssimo. Além disso, teremos uma boa safra ano que vem, o que nos deixa menos preocupados com a agricultura - disse o ministro, ao argumentar que uma queda maior na taxa de juros não provocaria, necessariamente, aumento da inflação.
Por outro lado, Furlan disse que o país poderia conviver tranquilamente com um superávit comercial (exportações menos exportações) de US$ 20 bilhões por ano, e não os US$ 44 bilhões que já foram apurados nos últimos doze meses. Para ele, a razão do elevado saldo da balança comercial se deve ao fraco desempenho das importações, especialmente nos casos de bens de capital, componentes e matérias-primas. Por isso, acrescentou, o grande desafio para o ano que vem é que as compras externas cresçam a taxas maiores do que as exportações.
- Cada um tem suas responsabilidades. Não era nosso objetivo um saldo de US$ 44 bilhões. Esperávamos as importações a um ritmo maior. Houve exagero em diversas áreas, inclusive na de comércio exterior - disse o ministro.
Furlan também aproveitou para lamentar a valorização do real frente ao dólar. O exportador, enfatizou o ministro, perdeu rentabilidade e alguns setores já estariam revendo suas projeções para o ano que vem.
- Certa vez, um alto dirigente de uma multinacional disse uma coisa certa: o juro alto inibe as vendas no mercado interno e o câmbio valorizado inibe as vendas no mercado externo.
O ministro disse esperar que a taxa de juro real no Brasil caia para um dígito e ressaltou que as empresas precisam de mais medidas de desoneração para ganhar competitividade e as compras externas crescerem a taxas mais substantivas. Um dos instrumentos a ser lançado ano que vem é a MP do Bem 2, uma nova medida provisória com incentivos fiscais para estimular a produção e os investimentos. Na MP também entrariam benefícios para incentivar a construção de casas populares e a ampliação do número de itens da cesta básica.