Alguns pensam que é necessário mudar continuamente. Outros acreditam que é melhor não o fazer. Muitos sustentam que é impossível mudar. E você, o que pensa da mudança?
Getúlio era gerente de Produtos na área de Marketing. De perfil promissor, era tido como um high flyer, ou de alto potencial, e estava bem colocado no ranking das avaliações da empresa. Todos, sem exceção, achavam que Getúlio teria carreira internacional e, algum dia, seria promovido a diretor de Marketing.
No entanto, para surpresa geral - pares, superiores e subordinados -, o executivo solicitou sua demissão, após anos de casa. A atitude de Getúlio virou notícia entre os departamentos da organização, e os boatos sobre a verdadeira razão de seu afastamento se multiplicaram depressa.
Alguns diziam que ele havia sido desligado da empresa por incompetência. Outros garantiam que sua demissão estava relacionada com uma discussão com um dos diretores. (Getúlio, segundo esta versão, teria optado por sair da firma a compactuar com a filosofia do superior.) E havia, ainda, aqueles que acreditavam que uma demissão tão brusca e sem motivo aparente só poderia significar uma coisa: o executivo teria ganhado na loteria!
No entanto, nenhuma das especulações a respeito de sua saída reproduzia a realidade. Getúlio, sempre discreto, deixou a empresa dez dias depois de seu pedido de demissão e jamais comentou com nenhum de seus colegas a razão disso. Meses depois, ninguém mais se lembrava do executivo e do mistério que envolveu sua demissão.
Porém, ao encontrar um ex-colega, quatro anos após sair da empresa, Getúlio contou-lhe o que havia motivado sua decisão. "Sempre gostei da nossa empresa", iniciou Getúlio, "pois foi lá que adquiri meus conhecimentos sobre mercado, gestão de pessoas, planejamento estratégico, entre tantos outros. Porém, o que de mais valioso me foi ensinado é que se você tem um sonho, uma grande estrutura organizacional pode atrapalhá-lo, definitivamente". E, enquanto o ex-gerente explicava suas impressões sobre a vida organizacional, aquele antigo companheiro foi percebendo que a decisão do executivo, embora questionada na época, tinha sido, de fato, a mais acertada.
Getúlio continuou se justificando: "Lá na empresa, sempre tivemos que fazer o que vinha de fora, da matriz no exterior. Essa postura me impediu de influenciar a cultura organizacional, o comportamento dos profissionais, e, como você sabe, sempre tive o sonho de fazer algo inovador. Por essa razão, optei por montar meu próprio negócio e influenciar, de forma positiva, aqueles que me cercam." Finalizando a explicação, Getúlio relatou que hoje possuía uma empresa voltada para o segmento de saúde e bem-estar. O profissional administrava as quatro unidades do próprio negócio com seu estilo particular e, dessa forma, sentia-se muito feliz.
Qualquer profissional, independentemente do nível hierárquico em que se encontra, pode deparar-se com a necessidade de mudança em sua carreira. Os fatores que, geralmente, motivam uma guinada na vida dessas pessoas são recorrentes no meio organizacional:
1)O profissional percebe que sua contribuição à organização é insuficiente.
2)Ele não consegue mais influenciar as decisões dos outros.
3)Não consegue modificar a cultura ou o comportamento da empresa.
4)Não sente a utilidade daquilo que faz ou felicidade com isso.
Esses sintomas incentivam os profissionais a buscar outros caminhos e alternativas mais compensadoras. Alguns adotam o ano sabático. Outros optam por uma mudança de emprego ou por montar seu próprio negócio. Para esses, recomendo cautela e coragem. É preciso analisar, inclusive, a possibilidade de permanecer na mesma empresa, pois o anseio por mudanças pode ser somente passageiro.
Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986.
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