Em busca de uma solução para reduzir seu consumo de combustíveis , a companhia aérea inglesa Virgin Atlantic Airways submeteu 355 pilotos a um teste de comportamento. Todos foram avisados de que teriam seu desempenho monitorado. Depois,foram divididos em três grupos. O primeiro passou a receber pareceres mensais sobre seu trabalho. Ao segundo, foram dados alguns alvos a serem atingidos. O terceiro foi beneficiado com uma política de recompensas, além de contar com os feedbacks e metas.
Os resultados do estudo mostraram na prática o que muitos gestores já defendem: mudanças de atitude podem mudar a eficiência de uma empresa.
Ao fim da experiência, realizada entre 2013 e 2014, a maioria dos colaboradores avaliados havia se engajado em estratégias de consumo eficiente por saberem que estavam sendo acompanhados. Também se constatou que os profissionais que tinham metas obtiveram os melhores desempenhos porque se sentiram desafiados. Calcula-se que mais de US$ 5,4 milhões tenham sido economizados pela Virgin Atlantic ao longo dos oito meses de testes. O processo também resultou na redução de 21.500 toneladas de dióxido de carbono (CO2) emitidas na atmosfera.
Hora da mudança
Maus hábitos nas organizações afetam a produtividade e o desempenho de muitos profissionais. Mas promover mudanças eficazes não é algo simples, de acordo com Nancy Malschitzki, professora da FAE Business School. Segundo a especialista, é preciso que os setores de Recursos Humanos estejam preparados para trabalhar junto aos líderes, mediando as expectativas de cada funcionário para adequá-las às necessidades da companhia. Embora a transformação não tenha uma receita pronta, esse processo pode levar um ano.
A professora explica que o primeiro passo para se obter uma boa transição é conhecer a fundo os colaboradores. O próximo estágio consiste em mostrar a eles que a mudança buscada pela empresa beneficiará todo mundo.
Qualquer programa que se proponha a mudar comportamentos em uma instituição funciona melhor quando se fomenta o engajamento, conceito que, como explica Nancy, abrange princípios, como o senso de pertencimento e a automotivação. Além disso, é essencial que os líderes estejam aptos a se tornar espelhos. “As lideranças precisam inspirar suas equipes”, complementa.
Para Marlyse Matheus, diretora executiva de desenvolvimento da Stato, consultoria de talentos, impulsionar uma mudança construída por várias mãos em uma empresa também demanda uma comunicação clara da companhia que guie o funcionário por três principais pontos: para onde a instituição está indo, aonde ela quer chegar e qual o papel do colaborador nesse contexto. O trabalhador precisa ser desafiado com base nessa missão, e a transparência fará com que ele invista na transformação de maneira mais espontânea.
Senso de pertencimento
É preciso nutrir no funcionário um senso de responsabilidade que venha do apreço sincero pelo seu local de trabalho, segundo Marlyse. Esse tipo de sensação pode nascer do chamado ownership, condição na qual o trabalhador desenvolve um sentimento de propriedade pela empresa e, consequentemente, aprimora seu compromisso com ela.
Oferecer desafios, projetos de capacitação, treinamentos e oportunidades voltadas para aproximar o colaborador da empresa o conscientiza de sua importância. Assim, seu trabalho fará muito mais sentido e qualquer mudança tende a ser abraçada de pronto. “Cada regra da companhia deve se tornar um valor pessoal”, explica.