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"A única coisa permanente é a mudança" Budismo Não existe seminário, encontros de marketing, administração, RH sem que não apareça o tema: necessidades de mudanças, quebra de paradigmas, motivação e como fazer as cabeças dos nossos colaboradores mudarem. Como sempre, vêem junto com estas necessidades aqueles que se autodenominam "mudadores-de-cabeças-profissionais". E, alguns executivos, que preferem trilhar pelo caminho do menor esforço, saturam ingenuamente suas empresas com teorias do tipo: "Como mudar a mentalidade dos seus funcionários de modo rápido e sem fazer força."

Parece o trabalho mais simples do mundo mudar, de uma hora para a outra, o que pensa a cabeça e o que sente o coração humano.

O exemplo das dificuldades em se mudar alguém é fácil de explicar: observem o que dizem os jovens em véspera de casamento. Eles caem nas mesmas armadilhas em que caíram seus pais e avós. Geração após geração, grande parte dos que vão para o casamento pensam assim: "Caso com ele ou ela, agora, e com o tempo ele ou ela vai mudar e ficará do jeito que eu quero, sonho ou projeto."

Como ninguém muda tão fácil, os cartórios vivem cheios de pedidos de separação.Será que o ser humano, inteligente a ponto de criar instrumentos, ferramentas e máquinas de altíssima precisão e complexidade, não entendeu ainda que é muito difícil mudar os outros ou tirá-los das suas situações de conforto e acomodação? Que as mudanças, hoje tão necessárias nas empresas, para serem realmente eficazes devem passar por um processo de maturação lenta e gradual? E que só a soma de um interminável agir sobre os comportamentos é que irá se cristalizar na esperada troca de mentalidade e de atitudes?

Um belo dia, você olhará para trás e perceberá que a velha empresa se transformou e com certeza dirá: "Puxa! Como fulano está diferente. Olha! O comportamento de tal departamento mudou radicalmente. Já não somos mais os mesmos."

Observe como são progressivas as transformações da natureza que é cíclica e ordenada. Admire a transição de uma estação do ano para outra. A menos que apareça um fato novo, forte e imprevisto, como um furacão, a erupção de um vulcão, ou mesmo uma onda gigante, as mudanças naturais se processam lentamente.

Mas como hoje em dia o tempo empresarial é medido na forma do sendo tudo para ontem, inclusive no que se refere às mudanças mais radicais, a maturação tem de ser acelerada. O mercado, este sim em constante mutação, exige atenção e procedimentos rápidos. Quem não souber estar atento às circunstâncias – aquilo que está no círculo ao seu redor naquele instante – e não souber mudar para acompanhar as viradas do jogo cairá fora dele mais rápido do que imagina. Daí a necessidade constante das adaptações as novas formas do pensar e do agir comercial. Na natureza sobrevive o mais adaptado e não o mais forte, disse Darwin.

Mudo porque o mercado está mudando, porque os hábitos de consumo já são outros e porque os produtos da concorrência estão ficando melhores e mais baratos do que os meus. Mudo porque a empresa em que trabalho foi absorvida por outra. Mudo porque preciso mudar, senão vou morrer junto com ela.

E os responsáveis por promover as transformações dentro de suas empresas têm duas alternativas: seguir o lento e consistente caminho da paciência e ir articulando passo a passo as mudanças necessárias por meio das trocas ou reformulação dos cargos, funções e do treinamento, importando novas culturas, exemplos e talentos; ou então ir puxando as orelhas de uns, ameaçando outros e de vez em quando cortando algumas cabeças. A segunda alternativa é tentar promover as mudanças de forma radical, trocando o sangue da empresa de uma só vez, o que, além de arriscado, não traz garantia de sucesso.

As mudanças se processam com mais eficiência por meio do trabalho de um comandante e de uma tropa vindos de fora. É muito difícil alguém da própria empresa promover mudanças internas, pois estará tão impregnado das histórias pessoais de seus parceiros que a emoção o impedirá de fazer o seu trabalho corretamente. O velho Einstein já dizia: "Não se muda uma consciência com a mesma consciência. É preciso uma outra consciência para se promover uma mudança".

Eloi Zanetti : Conferencista e consultor em marketing e comunicação, autor de "Administração, Futebol & Cia" e o "Encantador de Clientes".

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