O presidente argentino Néstor Kirchner decidiu substituir o ministro de Economia Roberto Lavagna pela presidente do estatal Banco de la Nación, Felisa Miceli, informou o chefe de gabinete Alberto Fernandez. É a primeira vez que uma mulher assume o comando da Economia na Argentina.
Além de substituir Lavagna, Kirchner nomeou a embaixadora da Argentina na Vezezuela, Nilda Garré, a nova ministra da Defesa. O presidente também escolheu outros dois novos ministros. Na pasta de Relações Exteriores, sai Rafael Bielsa e entra o seu vice na chancelaria, Jorge Taiana; e a atual ministra de Ação Social, Alicia Kirchner (irmã do presidente), será substituída por Juan Carlos Nadalich.
Felisa Miceli é muito próxima do presidente Kirchner, e, segundo analistas, tem postura menos conservadora que a de Roberto Lavagna. Antes de assumir o Banco de La Nación, ela foi diretora do Banco da Província de Buenos Aires e consultora de governos provinciais na área de investimento público.
A bolsa de Buenos Aires cai 3,5% e o dólar tem alta em torno de 1% em relação ao peso.
A saída de Lavagna já vinha sendo alvo de notícias desde a semana passada. Como o ministro Palocci no Brasil, ele dissera que sua permanência no cargo não era "um tema central" para a continuidade da política econômica.
Apesar de o crescimento da economia argentina ter superado as previsões, a inflação anual já está entrando na casa de dois dígitos e situação de Lavagna se complicou após ele ter dito que há superfaturamento em licitações de obras públicas do governo. Isso teria provocado irritação em Kirchner.
O ministro também não teria concordado diretamente com o presidente da República quanto aos métodos para combater a inflação. Kirchner acusou na semana passada as redes de supermercados de formarem "cartéis" para aplicar altas de preços que afetam "o bolso dos argentinos".
Comentando os ataques do presidente, Lavagna disse na semana passada que a inflação é "um dos principais desafios" do Governo, mas considerou que esse é um fenômeno normal, já que a Argentina "recuperou o crescimento" depois da severa crise de 2002. O país, lembrou Lavagna, acumula crescimento "de 33,3% nos últimos 43 meses".
Lavagna comandou o processo de recuperação da economia argentina e o anúncio de sua saída ocorre no momento em que o país se prepara para reiniciar as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), depois de completar uma gigantesca operação de reestruturação de dívida no início de 2005, três anos após a forte crise econômica.
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