Um estudo revelou que as mulheres ocupam 44,5% dos postos de trabalho nas 100 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. A pesquisa, que foi realizada pela consultoria Great Place to Work, também apontou que as profissionais ocupam 53% dos cargos de chefia nas 10 primeiras organizações do ranking no país.
A ascensão das mulheres no ambiente corporativo brasileiro é uma tendência própria do mercado. Segundo a Great Place to Work, em 1997, quando o mesmo estudo foi feito com o conjunto de empresas, apenas 11% dos cargos de liderança eram ocupados por mulheres.
Os resultados da pesquisa refletem a necessidade das empresas por profissionais do sexo feminino, assim como a especialização destas mulheres que buscam melhores cargos. Entre as 100 empresas avaliadas, 20% mantêm práticas diferenciadas de gestão voltadas a oferecer oportunidades, além de desenvolvimento profissional e pessoal às mulheres.
A professora Lúcia Helena Rahmé, coordenadora do curso superior de Tecnologia em Gestão e Recursos Humanos do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba), afirma que as mulheres conseguiram um espaço maior em diferentes carreiras nos últimos anos por causa da dedicação e esforço. E o mesmo aconteceu com as empresas, que procuram profissionais atuantes e com atitude, independentemente da área de trabalho.
Para Lúcia, o ambiente corporativo das empresas tem ganhado muito com mulheres em cargos de chefia. "Ao tomar decisões, as mulheres possuem uma sensibilidade que é própria do sexo feminino", afirma a especialista. "Há uma predisposição em entender e enfrentar os problemas, seja com clientes ou outros funcionários de uma organização", completa.
Enquanto as mulheres se profissionalizam e se equiparam aos homens profissionalmente, as empresas reconhecem que o poder feminino é válido para mediar situações difíceis, como a atual crise do setor financeiro. Lúcia explica que as companhias associam às mulheres qualidades como empatia, paciência, habilidade em trabalhar em equipe, capacidade de delegar e negociar.
"A flexibilidade na rotina de trabalho é maior. Há uma preocupação em fazer o melhor para todos, pois a mulher quer promover movimentações e mobilizar as pessoas", diz a especialista.
Lúcia explica que a mulher não quer se igualar ao homem, e nem ser melhor. "Não existe o pensamento que homens e mulheres são iguais. Porque quando um tenta se igualar ao outro, ambos se anulam", afirma. Para a professora, mãe e empresária, o que existe são perfis de trabalhadores diferentes, e o mercado deve promover todos.
Pesquisa
Na análise das 100 melhores empresas para trabalhar no Brasil, o Great Place to Work elaborou um ranking das 25 melhores organizações do País para as mulheres. A lista é liderada pelo Laboratório Sabin, presidido pelas médicas Janete Vaz e Sandra Costa. Em seguida estão as empresas Microsoft, Recofarma (Coca-Cola), FedEX, Losango, Nasajon Sistemas, Byofórmula, Grupo Ouro Fino, Cultura Inglesa, Zema, Okto, Intelig, Cosmotec, Sabre, Ampla, Associação Brasil-América, Prezunic, Service IT Solutions, Brasilcap, Visa Vale, Quintiles, Matera Systems, Y&R, Porto Freire e Rohm & Haas.
As 25 companhias têm em comum o investimento contínuo para garantir a ascensão profissional das mulheres. Elas oferecem incentivos e programas associados a práticas de gestão específicas para o universo feminino. Entre os diferenciais estão políticas de contratação com igualdade de condições e capacitação, programas de saúde especiais (prevenção ao câncer de mama, programas de gestantes), ampliação da licença maternidade, plano de carreira diferenciado, além de programas de diversidade e inclusão.
Entre os destaques das práticas adotadas pelo Laboratório Sabin estão benefícios como auxílio-babá, empréstimos para a compra de imóveis e carros e salário-mínimo adicional, destinado às gestantes.