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Administração

Negócio é negócio. Brigas de família ficam à parte

Os irmãos José Antônio, Veriano, Paulo e Luis Afonso Baggio Pereira (todos ao fundo),  com o cunhado Julio Alvarez, da Baggio Pizzaria: educação semelhante ajuda nos negócios em família | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Os irmãos José Antônio, Veriano, Paulo e Luis Afonso Baggio Pereira (todos ao fundo), com o cunhado Julio Alvarez, da Baggio Pizzaria: educação semelhante ajuda nos negócios em família (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)

Não há fórmula para o sucesso. Mas, quando o assunto são as empresas familiares, uma regra parece ser consenso entre especialistas e gestores: para o negócio funcionar bem, é necessário separar o que é pessoal daquilo que é profissional. O problema é justamente como fazer – uma decisão que cabe aos próprios membros da família. Mas não é fácil.

A solução encontrada pela Metalgráfica Trevisan, por exemplo, foi o desligamento total dos parentes da organização. Localizada em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, a empresa de embalagens passou por um processo de profissionalização logo após a terceira geração, constituída por 15 membros, assumir o negócio, há quatro anos. "Como a quantidade de sócios familiares era praticamente 30% do quadro de funcionários, havia alguns conflitos e uma grande falta de especialização. Pessoas atuavam em áreas nas quais não tinham formação. Havia uma certa competência, mas não com a formação necessária para a função", explica o engenheiro mecânico Fernando Boscardin, de 54 anos, um dos sócios.

O processo foi acompanhado pela GO4! Consultoria de Negócios, que há três anos trabalha com o psiquiatra e terapeuta familiar Sergio Rocca para auxiliar nesses casos. "A intervenção do terapeuta ajudou muito, pois vimos que existiam muitas ‘picuinhas’ que se revelaram conflitos internos na família e mágoas guardadas durante muito tempo. Coisas que são incompatíveis com o mundo dos negócios. Para se tocar uma empresa, tem que ser profissional", completa Boscardin. Atualmente, os membros da família compõem um conselho, responsável pelas decisões finais da empresa, mas não se envolvem diretamente na administração.

Do ponto de vista terapêutico, Sergio Rocca explica que frequentemente há um deslocamento para o ambiente do trabalho de dificuldades não resolvidas no âmbito familiar. "E nem sempre o dinheiro ou uma função suprem o que ficou excluído dos vínculos afetivos da família", diz. Para ele, uma das formas de evitar e resolver esses conflitos é ter regras claras. "A disponibilidade em compreender o outro, a boa comunicação, a confiabilidade, a argumentação equilibrada são sempre melhores que a coerção, as explosões emocionais e a intriga", completa.

Segundo o sócio-diretor da GO4!, Carlos Esteves, quase 90% dos das empresas do Paraná têm algum vínculo familiar entre seus sócios. "Se pensarmos que os negócios entre sócios se originam por afinidade, esses números fazem sentido. O empresariado no Brasil é predominantemente familiar", diz. "A dinâmica dos negócios nem sempre é a mesma da família. Por isso se torna muito difícil conciliar as coisas. E o mercado é cruel. Se não acertar essa relação, você corre o risco de fracassar", completa.

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