Amar não faz bem apenas a quem está apaixonado. Uma pesquisa da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, constatou que, quanto mais amor os profissionais sentem no trabalho, mais engajados eles são e melhor é o seu desempenho. Segundo o conceito da pesquisa, trata-se de um "amor companheiro", que nada tem a ver com a conotação romântica da palavra, mas sim com as relações de afeto no ambiente de trabalho.
O levantamento ouviu 335 pessoas entre funcionários, pacientes e seus familiares em uma instituição de saúde dos EUA. A pesquisa concluiu que as pessoas que trabalham em um ambiente no qual se sentem livres para expressar afeto, ternura, carinho e compaixão pelos seus colegas têm um desempenho melhor, são mais satisfeitas com o seu emprego e comprometidas com a organização.
Por haver a preocupação de que a credibilidade das informações fosse comprometida pela natureza emocional de um ambiente de cuidados, a pesquisa foi estendida a outros 3.201 profissionais da área de serviços financeiros para o setor imobiliário. A conclusão foi igual.
Demonstrar preocupação com o colega, interesse pelos seus problemas e disposição para ouvir e ajudar são atitudes típicas do amor companheiro. A própria pesquisa reconhece que o "amor não é uma palavra que se ouve com frequência em corredores de escritórios, mas tem uma forte influência sobre os resultados no trabalho".
Desafio
O psicólogo especialista em psicologia do trabalho Raphael Di Lascio afirma que há uma relação direta entre profissionais mais engajados e ambientes de trabalho nos quais há companheirismo, afeto e respeito. O desafio para que o sentimento de amor companheiro ganhe cada vez mais espaço, segundo ele, é superar a competitividade e os conflitos típicos das organizações. "Os profissionais precisam ser valorizados pelas competências que têm, lembrando que as pessoas têm talentos diferentes e complementares", observa.
Enquanto as empresas estão excessivamente preocupadas com aspectos mensuráveis do negócio, como resultados, indicadores e metas, o bom desempenho que elas tanto almejam depende em boa parte do cuidado com os profissionais. Entre todos eles, o levantamento destaca a postura do líder na promoção de uma cultura emocional, de amor companheiro entre a equipe.
Cabe ao chefe embora não somente a ele a promoção de pequenas atitudes que tornem as relações mais humanas, gentis e afetuosas. "O líder precisa conhecer o subordinado, saber quais os seus objetivos de vida, o que o motiva, se interessar genuinamente pelo outro", avalia a coach Mariana Stachiu, da Potencial Desenvolvimento Humano.
Di Lascio compara o ambiente de trabalho a um time de futebol. "Sempre há um goleador ou jogadores que se destacam, mas eles não fazem nada sozinhos. Quando houver esse entendimento no trabalho, entre os profissionais, então haverá espaço para que o amor companheiro possa se desenvolver e aparecer mais", diz.