A incoerência de momentos e países como o nosso diz não à mão-de-obra qualificada. O assunto é velho.
Os profissionais graduados, com mestrado e doutorado, reclamam por não encontrarem empresas que ofereçam contratos e remuneração à altura de sua qualificação. Outros sofrem com o desemprego e as empresas se queixam da falta de qualificação profissional!
Deixando as considerações circunstanciais para analistas do ramo prefiro pensar a necessidade e realidade do mercado. Esta que é a realidade com a qual me defronto todos os dias junto a clientes. A dificuldade empresarial de encontrar pessoas logo elas, que fazem a diferença que queiram trabalhar, arregaçar as mangas, vestir a camisa e serem leais a um projeto, idéia e marca é mais comum do que se imagina.
E incrível como se encontra pessoas que "enrolam", empurram para frente ou não se comprometem. Mas, acima de tudo, o que mais espanta é a incapacidade dos profissionais identificarem oportunidades que deixam passar fácil, fácil, ou o que é pior, vê-los jogar fora grandes chances de crescer com a empresa. Ou mesmo fora dela. Afinal, o que impede a concorrência de buscar no mercado os melhores profissionais? Os head hunters estão ai para isso! Não seria bom na vida profissional, qualquer um poder dar como referência a ex-empresa, o ex-patrão, o ex-chefe, os ex-colegas, superiores e subordinados?
Por outro lado, alguns empresários colocam limites, eles mesmos, para o desenvolvimento de seus colaboradores entendendo que a empresa tem um teto para os cargos mais relevantes. Essa é outra idéia acanhada que revela falta de visão e tolhe o crescimento. A expansão de uma empresa pode ser ilimitada desde que a cabeça de seus idealizadores assim o seja. Pode-se dominar o mercado da própria cidade, do estado, do país e exportar. Pode-se abrir outras empresas, pode-se tudo que se queira e para o qual se tenha capacidade, talento e criatividade. Tudo é possível desde que se queira.
Muitas vezes tenho a sensação de que certas chefias não têm interesse ou vontade de crescer e apresentar resultados. Me é difícil acreditar que sabendo o que devem fazer, não o façam. Mas isso é o que acontece.
Maria Christina de Andrade Vieira, empresária e escritora, autora de Herança (Ed.Senac-SP), Cotidiano e Ética: crônicas da vida empresarial (ed. Senac-SP).chris@onda.com.br www.andradevieira.com.br