Muitas das questões que envolvem o dinheiro têm cunho religioso, cultural ou moral e acabam por interferir na análise objetiva sobre o seu significado na vida das pessoas. O catolicismo, como religião da maioria no Brasil, afetou essa avaliação inserindo culpa tanto naqueles que tem, quanto no desejo de possuir, como se querer ganhar dinheiro fosse pecado.

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Problemas não existem no fato de se querer ganhar dinheiro e sim na maneira como se ganha e no uso que se faz do mesmo. Isso acaba por afetar a motivação, a vontade e a energia para se ganhar mais, travando atitudes positivas em relação ao desenvolvimento pessoal e profissional. Ou ainda desestimulando pessoas a amar o seu trabalho, o seu cotidiano, a sua empresa.

A crença de que está bom do jeito que a vida está no dia de hoje não deixa de ser saudável por melhorar o nível de satisfação do indivíduo, porém, por outro lado, gera conformismo proveniente da 'culpa' religiosa em 'querer mais'. Afinal, 'o reino dos céus não é acessível aos ricos'. Ora, e se o objetivo do ganho for gerar a melhoria social na comunidade?

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E se alguém realiza uma idéia e o sucesso e a riqueza advém instantâneos, muitas vezes nem tanto por razões lógicas? Creio que a diferença entre dinheiro "sujo" e "limpo" seja apenas a origem ou o destino de seu ganho.

Algumas pessoas têm muita dificuldade em estabelecer valores para seu trabalho como aqueles que criam ou vendem "conteúdo, conhecimento ou inteligência". Desvalorizam-se.

A ambição seria uma palavra com conotação negativa ou positiva? Será que não poderíamos diferenciar a sutileza existente entre seu antônimo, o desapego de conotação espiritual, e o interesse como sinônimo de ambição? Falta de interesse não é negativo?

Desambição é sinônimo de desprendimento, generosidade ou abnegação, porém, ambição não apenas é desejo de poder ou riqueza, mas também um "anseio veemente de alcançar determinado objetivo", aspiração, pretensão. Ora, alguém pode iniciar algo novo sem vontade ou desejo de realização ou sucesso?

Compartilho questões semânticas apenas para provocar reflexões sobre a linha divisória que separa com nitidez tudo aquilo que estimula a vontade de fazer e também a prática diária que leva ao crescimento interior - este sim compartilhado por todas as religiões -, e a inércia, o conformismo ou a resignação.

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Maria Christina de Andrade Vieira, empresária e escritora, autora de Herança (Ed.Senac-SP), Cotidiano e Ética: crônicas da vida empresarial (ed. Senac-SP).chris@onda.com.brwww.andradevieira.com.br