Mesmo com o mercado de trabalho aquecido e mão de obra disponível, algumas vagas levam tempo para ser preenchidas e é comum empresas reclamarem da falta de profissionais. Em um cenário em que há oferta e procura, especialistas em recrutamento e gestão de pessoas dizem que a dificuldade das empresas para encontrar alguém para trabalhar está ligada ao perfil profissional que as organizações buscam.
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Para atender essas expectativas e acertar na mosca, é essencial que o profissional tenha suas competências técnicas e comportamentais bem alinhadas. Entre os atributos relacionados ao comportamento estão pró-atividade, liderança, capacidade de trabalhar em equipe, organização e comprometimento. A busca é cada vez maior por pessoas classificadas como hand on dispostas a suprir qualquer necessidade da empresa e dedicadas a alcançar metas.
Segundo a headhunter da De Bernt Consultoria Danielle Marin, uma boa capacidade técnica com conhecimento prático e formação adequada e atualizada completa o perfil do profissional ideal, que deve saber fazer, delegar, acompanhar e cobrar atividades. "As empresas querem liderança nata. Não alguém que lidere somente pela função, mas pelo exemplo, que tenha poder de persuasão e know how nas atividades", esclarece.
Investir na formação
Diante disso, investir na formação e na aquisição de conhecimento torna-se fundamental. A headhunter alerta que grandes empresas do Paraná, entre elas algumas multinacionais, além de avaliar a escolaridade dos candidatos, levam em consideração as instituições em que estudaram. Portanto, um alerta para quem pensa em fazer uma pós-graduação: o conceito da instituição de ensino na área escolhida e a imagem que ela tem perante o mercado podem fazer diferença.
O coach e sócio-presidente do Instituto Lopes Brasil de Desenvolvimento Humano, Cleudo Lopes, reforça que optar por instituições de referência valoriza o currículo, principalmente nas fases iniciais da carreira. Além disso, ele salienta que o fato de existir em funções segmentadas dentro de uma mesma área dá mais força e importância à especialização. "É ela que vai dar direcionamento e oportunidade de crescimento na carreira", diz.
O peso das especializações no currículo se comprova pela grande oferta de cursos desse nível. Lopes afirma que, se há oferta, é porque há necessidade dessa formação e o profissional deve olhar para isso como um fato e não como uma tendência. "Se o mercado está demandando, é porque as empresas querem isso. Se eu busco uma boa colocação, devo atender ao mercado."
Por que continuar?
Quem pensa que estudar é para os jovens e para quem está fora do mercado de trabalho deve rever seus conceitos. "Trata-se de uma necessidade de qualquer faixa etária e qualquer nível profissional", afirma Danielle. Algumas das razões para dar continuidade à formação são: estar preparado para aproveitar oportunidades inesperadas dentro e fora da empresa , ter mais condições de recolocação profissional e aumentar as chances de ser promovido e ganhar mais (veja o gráfico abaixo).
"O know how é importante, mas, no currículo, a formação pesa muito mais", comenta a headhunter. Danielle acrescenta que, geralmente, quando uma empresa abre uma nova posição e não encontra profissionais capacitados dentro da equipe, parte para o recrutamento externo, buscando gente que está no mercado. "Nesses casos, a empresa valoriza aquele que estuda, que se dedica."
Vantagens
O professor de Educação Física Felipe Moreno, 27 anos, acredita nas vantagens da pósgraduação para a carreira que escolheu. Ele começou a especialização em Educação Física Escolar assim que concluiu a graduação, em 2012. A intenção é valorizar o currículo, aprofundar o conhecimento e estar preparado para aproveitar oportunidades que podem surgir no decorrer da carreira. "A faculdade oferece um conteúdo genérico e, hoje, quase todos têm graduação. A especialização é que vai fazer a diferença, principalmente na comparação de currículo em uma promoção", diz.
A busca por conhecimento deve ser constante
Para manter um perfil profissional adequado às expectativas do mercado de trabalho, é preciso estar em um processo constante de reciclagem. Essa é a dica da headhunter Danielle Marin. "Pelo menos a cada dois ou três anos é preciso ter contato com novidades", afirma.
Entre os cursos de especialização, os MBAs são os mais valorizados pelas empresas, principalmente aqueles na área de gestão. "As empresas buscam um profissional com noção de visão sistêmica, gestão de pessoas, de projetos, visão macro da empresa e noções de planejamento", ressalta Danielle.
As engenharias também estão em alta, assim como cursos de informática e finanças. Outros títulos valorizados pelas empresas são certificações nas áreas de tecnologia da informação, gestão da qualidade e gestão de projetos, como o PMO, Green Belt e Black Belt. Ter noções de softwares de gestão integrada e ERP também tem se tornado um diferencial importante em processos de seleção.
Currículo valorizado
Para o coach Cleudo Lopes, é imprescindível manter o currículo atualizado e focado nas vagas de interesse. No documento, vale mencionar o histórico que revela o perfil participativo e empreendedor do profissional e apontar as atividades desempenhadas nas empresas em que passou, enfatizando realizações e problemas que conseguiu resolver. "Vale relatar que atuou como líder no grêmio estudantil, participação em escolas de líderes e prêmios obtidos ao longo da vida acadêmica", diz Lopes.