Concorrência acirrada
Confira a relação candidato/vaga de alguns dos trainees mais disputados do Brasil
1. Whirpool: 1396
2. Nestlé: 1333
3. Banco Safra: 1324
4. Fleury: 1229
5. Citi Bank: 1.100
6. Unilever: 1062
7. Burger King: 1009
8. Honda: 925
9. Equatorial: 892
10. Cargill: 827
11. 3M: 712
12. Zona Sul: 618
13. Cielo: 554
14. Santander: 521
15. Itaú: 207 – com mais de 22 mil inscritos, oferece mais de 100 vagas
*Informações obtidas pelas próprias organizações e por empresas de recrutamento.
Jovens profissionais de todo o Brasil já estão ansiosos: em breve, estará aberta mais uma temporada de seleção para os programas de trainee mais disputados do país. E a concorrência é realmente grande. O último recrutamento da Nestlé, por exemplo, teve 1.333 inscritos por vaga, média superior a de concursos cobiçados, como o de Agente de Polícia Legislativo, da Câmara dos Deputados, que, em 2014, teve 655 candidatos para cada posto.
Conheça o perfil dos escolhidos, segundo a consultoria Seja Trainee
É preciso estudar as opções e focar em uma empresa
O que é preciso para se destacar em todas as etapas
A história pessoal conta pontos
Plano de carreira, formação sólida e a chancela de uma companhia de renome no currículo ajudam a explicar o fascínio dos estudantes e recém-formados pelas ofertas das grandes organizações. Outro aspecto que pesa são os salários. Trainees como o do Banco Safra chegam a pagar mais de R$ 5 mil e oferecem benefícios convidativos.
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Mas quem são os profissionais que estas empresas tanto procuram? Quais os diferenciais da minoria eleita por elas para integrar seu time de futuros líderes? Para a vice-presidente de Recursos Humanos do Banco Santander, Vanessa Lobato, o que mais chama a atenção do recrutador é o brilho nos olhos do candidato, a vontade de pertencer a aquela empresa e a postura firme de quem se conhece e sabe aonde quer chegar. E é exatamente nesse ponto em que a maioria dos jovens erra.
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Segundo a consultora da Cia de Talentos Milie Haji, antes de tentar um processo seletivo, o candidato deve se conhecer ao máximo e pesquisar as empresas e seleções que se adequam ao seu perfil. Ela orienta que o jovem analise o que é pré-requisito e o que é diferencial, busque informações sobre pessoas que já passaram pela organização e se atente ao que a companhia acredita e almeja .
A partir desse conjunto, será possível se perguntar “Eu quero mesmo trabalhar aqui?”.
É preciso estudar as opções e focar em uma empresa
Conforme explica a especialista, mediante um foco maior, o profissional terá mais segurança para as entrevistas e dinâmicas e, antes da etapa presencial, apresentará um currículo a organizações que façam sentido para a carreira que tem construído. “Receber negativas desmotiva qualquer pessoa. Por isso é tão importante se conhecer e estudar bem a empresa dos seus sonhos para mirar alvos específicos”, aconselha.
Foi o que fez o paulista Paulo Morales, 25 anos, selecionado em 2015 pelo trainee da Ambev. Assim que concluiu sua graduação em Administração de Empresas, na ESPM, em São Paulo, comparou seu próprio perfil à cultura organizacional da companhia de bebidas e se identificou. Foi a única seleção que prestou. Focado, foi escolhido e hoje, tendo já terminado o programa, ocupa uma posição importante na unidade da empresa que fica em Curitiba.
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O argumento do foco ganha mais força por meio de dados. De acordo com a pesquisa “O Trainee do Futuro”, da Seja Trainee, que entrevistou 591 trainees, de 21 a 30 anos, de 21 estados brasileiros, quase metade deles se candidataram a, no máximo, cinco programas (veja os detalhes no infográfico).
O que é preciso para se destacar em todas as etapas
A maioria das seleções é composta por várias fases, sendo a primeira delas online. Ao se destacar nesta etapa – que pode ser apenas o cadastro do currículo ou questionários e provas de conhecimentos gerais -– o candidato é chamado para os testes comportamentais, dinâmicas e entrevistas na empresa. Mas o que faz com que o jovem seja selecionado?
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Na fase online, os que pesa primeiro é o currículo dos inscritos. Conforme explica a Gerente da Page Talent, Manoela Costa, em geral, a primeira triagem avalia se o candidato atende aos pré-requisitos indicados no edital. Normalmente, o que é estipulado é a formação universitária, o tempo de formação e, dependendo da empresa, o nível do Inglês. “Estando dentro do que é pedido as chances de ser selecionado são altas”, garante Manoela.
Os cursos mais valorizados, de acordo com a especialista, são os de Engenharia, sobretudo os tradicionais, como Civil e Mecânica. Administração, Relações Internacionais e Economia vem na sequência e, para a área bancária, a graduação em Contabilidade tende a ser valorizada. Além disso, também tem se aberto muitas chances na área de Comunicação.
Língua estrangeira: pré-requisito ou diferencial?
Das 44 empresas com vagas de trainee divulgadas no ano passado pela Gazeta do Povo, 66% apontavam a língua inglesa como pré-requisito. Manoela explica que essa exigência é comum porque, em grande parte das empresas, o jovem tem contato frequente com clientes e parceiros de outros países, sobretudo, quando se fala em multinacionais.
Mas o nível de domínio solicitado varia. Em 2016, uma média de 55,1% das companhias pediam inglês avançado, 17,2%, intermediário, e 27,5%, fluente.
Candidatos que já dominam o Inglês e querem ganhar um ponto a mais por meio de uma terceira língua devem investir no Espanhol, de acordo com Manoela e Milie. Seja pela grande quantidade de falantes pelo mundo, seja pelo imenso contato que as companhias importantes têm com a América Latina.
Algo que tem mudado com relação à graduação, de acordo com Manoela, é a preocupação com o nome da instituição de ensino. Embora algumas empresas ainda priorizem candidatos recém-saídos das chamadas universidades de ponta - aquelas bem conceituadas no mercado - é cada vez maior o número de companhias que têm quebrado esse paradigma. A ideia é promover seleções mais inclusivas e focadas em uma análise integral de cada indivíduo.
Dois exemplo disso, são as multinacionais Deloitte e KPMG, que recebem em seus times profissionais formados nas mais diversas instituições.
“Aqui, o perfil e o potencial do candidato são os maiores critérios para escolha”, destaca o sócio da KPMG, Marcelo de Lucca.
A história pessoal conta pontos
Após se formar em Engenharia de Produção, em 2016, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alice Lima, 24 anos, resolveu se inscrever para o programa de trainee do Grupo Votorantim. Quando cadastrou seu currículo, procurou valorizar as principais experiências que teve ao longo da vida, como sua vivência internacional e os trabalhos voluntários que realizou. Na visão da trainee, estes aspectos a colocariam à frente de muitos concorrentes. E ela estava certa.
O sócio fundador da Seja Trainee, Luis Abdalla, lembra que todo mundo tem uma boa história para contar. Para ele, ser escolhido ou não para um programa depende muito da maneira como o candidato relata e valoriza sua vivência.
Competições esportivas, participação em uma banda: tudo isso é avaliado e pode contar pontos para o candidato, ao demonstrar aspectos como capacidade de trabalho em equipe, vontade de transformar o mundo e proatividade. É por isso que um estágio, atividade voluntária ou experiência internacional, embora raramente estejam entre os pré-requisitos podem ser decisivos na classificação.
A seleção do Citi Bank, por exemplo, dão a uma experiência internacional a mesma atenção que dá a outras vivências importantes para o candidato.
“Nosso interesse é conhecer estas histórias, sejam internacionais ou locais, e entender como elas fizeram a diferença para o crescimento do jovem”, explica a vice-presidente de Recursos Humanos, Julia Fernandes.
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