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Hoje, conto a história de um grande empreendedor, que comandou sua empresa com maestria e profissionalismo. Porém, por causa da falta de confiança nas pessoas à sua volta, o personagem decidiu o destino de seu patrimônio de uma forma que jamais desejou.

Luciano era um desses empreendedores que, do nada, montam um pequeno império. De origem humilde, começou a atuar em funções operacionais numa grande indústria, onde a duras penas conseguiu, após alguns anos, chegar à posição de gerência. Luciano tinha um caráter muito independente e disposição para aprender e trabalhar como poucos.

Durante sua permanência na empresa, Luciano conheceu o suficiente para se sentir seguro ao montar seu próprio negócio. Aos 28 anos inaugurou seu primeiro empreendimento comercial e, de loja em loja, estruturou uma rede que se expandiu por quatro Estados brasileiros. Do zero, Luciano foi capaz de alcançar um faturamento milionário, que levou 18 anos para ser conquistado.

Embora Luciano fosse um gestor de sucesso, com inúmeras qualidades administrativas e comportamentais, ele possuía uma característica marcante: era um controlador nato, com memória de elefante. Jamais se esquecia de qualquer detalhe e levava sua organização sob ferrenha direção. Todas as decisões, mesmo as menores, tinham que ser compartilhadas com ele.

Em certa ocasião, quando um dos profissionais de sua equipe lhe sugeriu delegar mais poderes entre seus subordinados, a fim de otimizar as operações da empresa, Luciano despediu-o imediatamente. O empresário acreditava que se não controlasse tudo ao seu redor, ninguém o faria - sem mencionar o medo patológico de ser roubado ou passado para trás.

De seus receios, o maior era o de delegar. Tinha uma desconfiança enorme de todos e de tudo. Tanto que nem sua esposa sabia onde tinham contas, qual era o tamanho do patrimônio, se tinham ou não dívidas. Caso algo inesperado ocorresse, a esposa de Luciano não saberia nem mesmo a quem recorrer, que medidas tomar. Desconhecimento semelhante existia em sua empresa, cujos gerentes só sabiam dos dados de sua responsabilidade - o único detentor dos números gerais era Luciano.

Todavia, quis o destino que, numa das viagens de Luciano, um acidente interrompesse sua trajetória de vitórias. O empresário faleceu, deixando à deriva sua família e empresa. A organização sobreviveu por apenas dois anos após a morte do proprietário. Os juros, o desconhecimento, a falta de confiança e a inabilidade da equipe e dos familiares para lidar com o negócio precipitaram sua falência. Nada restou do império.

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O apego às informações e ao poder absoluto é nocivo para a manutenção das organizações, pois mesmo que consigam crescer e evoluir por algum tempo, cedo ou tarde enfrentarão obstáculos no percurso. O empresário precisa saber delegar poderes e disseminar o conhecimento para que seu negócio consiga caminhar com as próprias pernas na sua ausência. Um empreendimento de sucesso é reconhecido quando sobrevive ao afastamento de seu fundador, preservando suas características positivas e acompanhando a evolução dos tempos.

SAIBA MAIS...Suinocultura Sustentável

Primeiro grande projeto do Instituto Sadia de Sustentabilidade, entidade criada em dezembro, o programa Suinocultura Sustentável propõe-se a diminuir a emissão de gases causadores do efeito estufa nas granjas dos 3,5 mil criadores parceiros da Sadia. A medida prevê a instalação de biodigestores nessas propriedades - tanques fechados nos quais bactérias fariam a fermentação dos dejetos dos porcos, evitando a liberação do metano.

Com essa iniciativa, o Instituto tem a possibilidade de vir a comercializar créditos de carbono, que podem ser oferecidos a países adeptos do Protocolo de Kyoto que não conseguirem cumprir as metas de redução da emissão de gases poluentes propostas pelo acordo. Inicialmente, o retorno financeiro obtido dessa forma cobrirá os gastos com a instalação dos equipamentos. Mas depois dessa fase os valores reverterão em benefício dos suinocultores, que serão instruídos a aplicar o dinheiro em outros projetos de caráter ambiental dentro de seu próprio negócio.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

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