O desemprego é um dos principais vilões da atual conjuntura econômica. Dados do último Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC), por exemplo, estimam que hoje cada brasileiro conhece mais de seis pessoas desempregadas. Na contramão desse panorama, segue em alta a contratação de especialistas em gerenciamento de crise.
Um levantamento da consultoria Michael Page detectou um aumento de 30% no recrutamento desse tipo de profissional – com destaque para 11 funções nas áreas de finanças, vendas, segurança, bancos e serviços financeiros, compras e logística e seguros.
Siga a Gazeta do Povo no LinkedIn
Grandes companhias concentram seu radar em experts com características específicas, como potencial de avaliação, bom networking e capacidade apurada de negociação. A demanda é tanta que os salários destes profissionais cobiçados podem chegar a R$ 50 mil, conforme mostra o estudo.
Seleção
De acordo com Thiago Gaudêncio, gerente do escritório da Michael Page em Curitiba, a busca pelos perfis que as companhias precisam tem sido feita de três principais maneiras. Uma delas é via mídias sociais. Para o consultor, a internet é um verdadeiro celeiro de talentos para qualquer empresa. O networking é outra forma de buscar estas pessoas. Quando se lança mão de uma ampla rede de contatos profissionais, é possível localizar gente muito boa no mercado.
A terceira forma mais comum, segundo Thiago, é feita a partir da organização de um ranking com nomes ideais para determinados cargos. A lista é baseada nos currículos e competências dos candidatos elencados. Nesse caso, a seleção é dirigida a pessoas específicas.
Thiago explica que uma das dificuldades de encontrar executivos nesse período crítico é o fato de que nem todo mundo possui o perfil que se espera de um profissional de gerenciamento de crise. Muita gente, por exemplo, acaba deixando a área em que atua por não ter resiliência suficiente para sobreviver aos impactos do momento. “Por volta de 20% dos profissionais no mercado possuem competências acima da média. São destes que a gente corre atrás”, salienta.
Conheça os profissionais destacados pelo levantamento da Michael Page:
1. Gerente de Tesouraria Estruturada
A baixa no preço das commodities, a alta do dólar, da taxa de juros e da inflação têm voltado a atenção das empresas para esse tipo de profissional, que, por sua vez, precisa ter bom relacionamento bancário, boa base de finanças corporativas e habilidade de negociação de dívidas. A ideia é que o especialista auxilie as companhias na obtenção de linhas de credito em bancos locais e internacionais.
Salário médio: R$ 17 mil
Aumento da demanda no ano: 25%
2. Gerente de impostos Indiretos
Quando são técnicas, organizadas, detalhistas e com apurado conhecimento em planejamento e impostos, estas pessoas têm muito a oferecer às empresas em tempos difíceis. Por ser habilidoso no controle e no gerenciamento de operações de impostos indiretos, com foco em ICMS, esse perfil pode, por exemplo, evitar que a organização seja autuada por não recolher devidamente os tributos.
Aumento da demanda no ano: 30%
Salário médio:R$ 20 mil
3. Diretor de Desenvolvimento de Negócios
Até mesmo as empresas mais tradicionais procuram inovar em épocas de crise. Por isso, executivos de posicionamento inovador – não apenas os que atuam no mercado financeiro – são amplamente buscados pelas organizações.
Aumento da demanda no ano: 12%
Salário médio:R$ 25 mil a R$ 50 mil
4. Especialista de Restruturação (mercado financeiro)
Esse tipo de profissional precisa ter um excelente potencial de avaliação de viabilidade e boa capacidade de negociação. É ele quem vai auxiliar na venda de ativos e nas decisões pertinentes à manutenção ou extinção de alguns setores para reestruturar a empresa.
Aumento de demanda no ano: 25%
Salário médio: R$ 40 mil a 50 mil
5. Gerente de Segurança Patrimonial
Este profissional tem a função de zelar pela proteção dos altos executivos das companhias e está à frente de toda operação e segurança dos sites e centros de distribuição, até a logística de produtos. Segundo o estudo, o desempenho desse perfil tem impacto direto no caixa das empresas e, antes da crise não tinha tanta atenção das organizações. A prevenção de perdas passou a ser crucial para o sucesso das companhias.
Aumento da demanda no ano: 27%
Salário médio:R$ 18 a R$ 26 mil
6. Gerente de Serviços/Pós-Vendas
O Gerente de Serviços/Pós-Vendas precisa conseguir enxergar as situações sob a perspectiva dos clientes, além de ter uma boa visão de negócios. Esse profissional é importante durante a crise porque em tempos assim há uma grande queda no volume de vendas de equipamentos e baixos investimentos. Nesse sentido, as companhias recorrem a ele para aprimorar seus contratos de manutenção de equipamentos, vendas e instalação de todo o suporte técnico ao cliente.
Aumento da demanda no ano: 15%
Salário médio: R$ 15 mil
7. Gerente de Planejamento Comercial
Bom conhecimento em finanças, liderança e estratégia são os aspectos mais buscados nesse perfil. Os mais cobiçados são os profissionais mais maduros, com capacidade para analisar indicadores de performance e planejar estratégias de relacionamento com o consumidor.
Aumento da demanda no ano: 23%
Salário médio:R$ 15 mil a R$ 20 mil
8. Gerente de Projetos PMO
No redesenho de processos internos da empresa, essa função ganha força para manter operações com menos recursos e a qualidade e eficiência necessárias. O profissional PMO deve ser organizado, diplomático e inspirador para as pessoas com quem trabalha, uma vez que os métodos a serem coordenados vai perpassar todo o contingente pessoal da companhia.
Aumento da demanda no ano: 20%
Salário médio: R$ 15 mil
9. Gerente de Compras
As características mais buscadas nesse profissional são o dinamismo, a proatividade e a expertise nos mercados de atuação. Segundo o estudo, esse tipo de executivo pode auxiliar a companhia a ter bons ganhos em sua cadeia de abastecimento, por meio de renegociações de contratos e desenvolvimento de novos fornecedores.
Aumento da demanda no ano: 25%
Salário médio: R$13 mil
10. Especialista comercial da área de seguros
Com a recessão, fica mais difícil vender produtos convencionais, como seguros para carros, por exemplo. Nesse sentido, o mercado segurador precisa se reinventar para garantir sua rentabilidade. Este executivo deve ter bastante experiência na vertente em que vai atuar.
Aumento de demanda no ano: 30%
Salário médio: R$ 10 mil a R$ 12 mil
11. Gerente de Risco
Visão de negócios, domínio das técnicas de negociação e bom repertório são algumas das principais competências buscadas no profissional de gerenciamento de risco. Também é importante entender a natureza da operação de uma companhia e identificar as ameaças às quais a organização pode estar exposta.
Aumento de demanda no ano: 18%
Salário médio: R$ 15 mil a R$ 25 mil
