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Os brasileiros que acharam erros na “Bíblia da programação” e podem pedir emprego a Bill Gates

The Art of Computer Programming foi escrito pelo professor da Universidade de Stanford Donald Knuth e publicado pela primeira vez em 1968. Knuth paga recompensas para quem achar algum erro no livro dividido em quatro volumes. | TAOCP, 1968–2015, by Héctor García-Molina/Stanford University
The Art of Computer Programming foi escrito pelo professor da Universidade de Stanford Donald Knuth e publicado pela primeira vez em 1968. Knuth paga recompensas para quem achar algum erro no livro dividido em quatro volumes. (Foto: TAOCP, 1968–2015, by Héctor García-Molina/Stanford University)

Bill Gates afirmou que “quer o currículo” de quem conseguir “ler e entender” o livro The Art of Computer Programming, (A arte da programação de computadores, em tradução livre), escrito pelo professor da Universidade de Stanford Donald Knuth e conhecido como a “Bíblia da programação”.

O professor, já aposentado, mantém atualizações do livro publicado pela primeira vez em 1968. E mais do que isso, Knuth paga recompensas para quem achar algum erro no livro dividido em quatro volumes. O valor simbólico é US$ 2,56, cerca de R$ 8,45 ou o que o autor chama de “dólar hexadecimal”. Esse dinheiro é um prêmio valioso para quem quer ganhar um status intelectual.

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E dois brasileiros estão nesse seleto grupo de pessoas que receberam o cheque especial do professor de Stanford — e que, portanto, poderiam eventualmente enviar os respectivos currículos para o bilionário dono da Microsoft.

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Ricardo Bittencourt recebeu seu segundo cheque no dia 26 de maio por ter achado 4 erros e ter dado 3 sugestões ao professor Knuth. “Eu tomei conhecimento dos livros dele em 1994 e desde então achar um erro virou uma espécie de sonho”, afirma o engenheiro elétrico de 41 anos e que hoje trabalha na startup Quinto Andar.

Ambos os erros que Bittencourt achou estavam em fascículos online do volume 4B do livro, ainda não publicado. “Tem uma lógica nisso. Os volumes 1 a 3 estão publicados desde 1968, então todos os erros praticamente já foram encontrados. Se o objetivo é achar erros, é melhor procurar nos lugares onde poucas pessoas olharam antes, e isso significa os fascículos e os pdfs online”, explica.

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O primeiro cheque que recebeu foi em setembro do ano passado por ter descoberto durante cálculos que uma raiz cúbica estava errada e ainda deu uma sugestão para Knuth. A carta de resposta do professor o parabenizava pela correção e pela sugestão e continha um outro exercício para que ele resolvesse.

Ele então achou 4 erros nesse novo exercício e ainda sugeriu mais 3 sugestões de mudanças — que podem ser de qualquer tipo, em cálculos, em explicações teóricas ou até ortográficas — e foi premiado com o segundo cheque.</p> <p>“Precisei de duas semanas inteiras literalmente para resolver esse segundo exercício que o professor mandou - usei o recesso entre natal e ano novo e a semana do carnaval. Mas valeu a pena”, conta Ricardo.

Nessa segunda resposta o professor mandou ainda mais um exercício para Ricardo resolver afirmando que o brasileiro é provavelmente a pessoa “mais qualificada do mundo” para solucionar o problema. O engenheiro vai tentar achar mais erros daqui para frente.

A história de Rogerio Ruivo é parecida, mas ele encontrou um erro em 2015, logo no começo do volume 1 da série de livros de Knuth. Ele é autodidata e saiu da escola aos 14 anos, quando comprou o livro e estudou sozinho. “Me dediquei muito ao livro, o assunto computação sempre me agradou”, afirma Ruivo que hoje tem 31 anos e cursa Engenharia da Computação na USFCAR.

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O erro que o estudante achou está relacionado a linguagem utilizada no livro. “O erro que achei é sobre uma inconsistência na descrição das convenções da linguagem de programação conhecida como ‘MMIXAL’, que é uma linguagem adotada para um computador teórico, que não foi construído fisicamente, mas apenas utilizado como modelo no livro”, explicou.

Ele foi premiado com cheque simbólico e também entrou para o rol de pessoas que encontraram algum tipo de erro ou inconsistência nos livros do professor de Stanford, que hoje aposentado se dedica a finalizar o volume 4 a obra que deve ter 7 livros.

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