Leonardo é um executivo tido como brilhante pelo mercado. As façanhas empreendidas pelo profissional, nas empresas por onde passou, são alardeadas por seus colegas e conhecidas pelas organizações concorrentes. Por essa razão, seu nome foi cogitado por uma multinacional que estava se instalando no Brasil. Como a companhia estrangeira precisava escolher alguém para assumir a presidência da unidade, contratou uma empresa de recursos humanos, que se encarregaria de selecionar os melhores candidatos ao cargo.

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"Sondado", então, por essa empresa, Leonardo concordou em passar pelo processo de seleção após conhecer todas as vantagens e os desafio s da nova oportunidade. Se fosse escolhido, ele ganharia ainda mais visibilidade, além de receber uma remuneração maior e uma diversidade de benefícios.

Iniciado o processo de entrevistas com uma série de candidatos superqualificados, a empresa de recursos humanos identificou os três executivos com as características necessárias para ocupar o cargo oferecido. Leonardo figurava entre eles. No momento em que soube de suas chances reais, o executivo iniciou a produção de uma apresentação pessoal, com a qual pretendia impressionar o presidente geral da companhia. A apresentação seria feita na última entrevista da seleção e definiria o futuro gestor da filial brasileira.

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Leonardo esmerou-se ao descrever seu currículo e preparou um material multimídia surpreendente, tanto no conteúdo quanto no visual. Munido de todo o conhecimento e da experiência adquiridos na sua brilhante trajetória, partiu para a reunião definitiva com o headhunter e com o homem mais importante do grupo estrangeiro.

Logo que foi apresentado pelo consultor de capital humano, Leonardo pediu para começar sua exposição. Nesse momento, de sobressalto, o headhunter sugeriu ao profissional que deixasse o presidente da multinacional fazer a primeira apresentação, com as expectativas e as necessidades de sua organização. Contrariado, Leonardo insistiu em iniciar a reunião, pois tinha certeza de que o material preparado por ele iria impression ar de tal maneira o presidente geral que a vaga seria sua, imediatamente.

Na seqüência, armou o aparato necessário para a descrição de seu currículo e passou à explanação. Enquanto falava, pôde perceber o brilho crescente nos olhos do contratante, que gradativamente ia deixando-se conquistar pela eloqüência e pelas idéias trazidas por Leonardo. A dinâmica da apresentação foi excelente, e o executivo já conseguia se imaginar sentado atrás da mesa da presidência. Porém, foi o excesso de confiança que fez com que ele extrapolasse e arruinasse sua entrevista.

Leonardo, após 30 minutos de apresentação perfeita, pediu para demonstrar, com números e pesquisas de mercado, os projetos que tinha para a empresa caso fosse contratado por ela. Todavia, as intenções mencionadas pelo aspirante ao posto de presidente para a organização eram absurdas, sobretudo porque iam contra tudo aquilo que o grupo valorizava e planejava. Nesse momento, o executivo pôs tudo a perder.

Ao final de sua apresentação, o presidente geral disse a Leonardo que ele era o candidato mais cotado para o cargo; apesar disso, não seria contratado porque suas idéias eram contrárias às da companhia. E assim se despediu do executivo. Leonardo deixou a sala de reunião bastante atordoado, sem entender o que de fato havia ocorrido, pois pôde perceber que, até a metade de sua apresentação, o presidente estava encantado com seu perfil e características. " O que teria ocorrido?", perguntou-se.

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A resposta veio depois, quando o headhunter o procurou para dizer-lhe que seu pior defeito era o de não saber ouvir. Explicou a Leonardo que ele deveria ter escutado primeiro, para descobrir o que, realmente, o empregador esperava dele. Mas, em vez disso, ele optou por falar de propostas que satisfaziam somente a ele, e não à organização. Ao final da conversa o headhunter alertou: "Temos duas orelhas e uma só boca por uma razão óbvia: ouvir mais do que falar!" *** Muitos profissionais sentem-se envaidecidos com o som da própria voz e costumam falar demais em reuniões e apresentações. Eles têm dificuldade para resolver problemas administrativos, pois oferecem alternativas baseadas, apenas, em suas opiniões pessoais. Eles não escutam o que subordinados e superiores dizem; portanto, não têm todos os subsídios para apresentar soluções eficientes. A culpa, porém, pode não ser só desses profissionais, pois a sociedade atual valoriza os que falam, em detrimento daqueles que preferem ouvir. A comunicação eficiente pressupõe uma ação contínua, em que a mensagem é transmitida de forma clara e recebida com atenção, para que seja compreendida plenamente. *****

SAIBA MAIS...

Sustentabilidade no Cerrado Desde agosto do ano passado, o HSBC apóia o projeto "Mulheres do Cerrado em Busca da Sustentabilidade", executado pelo Instituto Brasileiro de Educação em Negócios Sustentáveis (Ibens) em parceria com a Associação Cultural e Comunitária de São Gonçalo "Sempre Viva". O projeto propõe a produção, a partir de plantas medicinais nativas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e comercialização de cosméticos por mulheres da região.

O objetivo é resgatar a auto-estima dessas pessoas, que teriam nos produtos um instrumento para a promoção da própria beleza, e capacitá-las para a geração de riqueza e renda co m o desenvolvimento de um negócio sustentável. No momento, as 30 mulheres inicialmente atendidas, com idade entre 18 e 60 anos, carentes e com baixa escolaridade, passam por um treinamento que contempla a pesquisa das plantas e estudos direcionados para a elaboração de xampus, condicionadores de cabelo, cremes hidratantes e sabonetes.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

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