No início desta semana, milhares de trabalhadoras lotaram a Praça Austurvöllur, em Reykjavík, capital da Islândia. O objetivo era protestar contra a diferença salarial em relação aos homens. Na segunda-feira, elas saíram do trabalho exatamente às 14h38, momento em que, segundo estimativas, as irlandesas passam a trabalhar de graça quando se leva em conta a desigualdade frente à remuneração masculina.
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Depois de deixarem seus postos de trabalho, as manifestantes seguiram rumo ao parlamento onde reivindicaram melhorias referentes às discrepâncias no mercado. Embora a greve tenha se concentrado na capital, manifestações similares foram registradas em todo o país.
Data de luta
Histórico para as mulheres na Islândia, o dia 24 de outubro é sempre lembrado no país por ser a data em que, há 41 anos, 90% das trabalhadoras entraram em greve e colocaram em xeque a desigualdade salarial e de representação política. Desde então, as irlandesas saem às ruas defendendo questões centrais para o avanço das mulheres.
A luta que segue desde 1974 tem causado progressos significativos nas pautas de equidade. Em 2005, por exemplo, as manifestantes pararam de trabalhar às 14h08. Em 2008, a greve começou às 14h25.
País mais paritário ainda é desigual
Segundo o Fórum Econômico Mundial, a Islândia tem a menor desigualdade de gênero do planeta e foi primeiro país a eleger uma presidente de maneira democrática. Depois que Vigdis Finnbogadottir chegou ao poder, em 1980, foi aprovada a primeira lei de igualdade salarial. Em 1999, mais de um terço dos deputados eram mulheres.
Mesmo em meio a uma realidade tão otimista, as trabalhadoras por lá ainda ganham em torno de 17% a menos do que os homens. A projeção é que até 2068 a disparidade salarial seja erradicada.
Diferença de salários no Brasil é de 20%
No Brasil, a diferença de remuneração entre trabalhadoras e trabalhadores para jornadas de 40 horas semanais é de 20,32%, segundo o IBGE.
O contraste no mercado é ainda mais evidente quando se avalia a presença feminina em cargos de gestão. Uma pesquisa da consultoria Grant Thornton, divulgada este ano, mostrou que apenas 19% das posições de chefia das companhias no país são ocupadas por executivas. A média mundial é de 21%.
E o Brasil parece estar longe de chegar a um patamar igualitário. Segundo o Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2016 do Fórum Econômico Mundial, publicado nesta quarta-feira (26) em Genebra, o país está a 100 anos da remuneração paritária entre os gêneros.
Aqui, não apenas a presença feminina no mercado é menor do que a dos homens como também a disparidade salarial entre cargos executivos é uma das maiores do mundo: mais de 50%.
No quesito diferença salarial, o país ocupa a 129.ª entre os o 144 avaliados, atrás do Irã, Iêmen e Arábia Saudita.
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