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Bernt Entschev

Paredes invisíveis

Jorge é um profissional competente, com perfil empreendedor e competitivo. No início de sua carreira, traçou para si os objetivos que almejava e fez de tudo para conquistá-los. Desde o estudo formal aos cursos de extensão, o profissional manteve-se atualizado e garantiu a excelência técnica necessária para ascender na carreira que escolheu.

Foram anos de trabalho árduo e dedicação contínua para chegar ao patamar desejado. Jorge abriu mão de frivolidades, aboliu a palavra "preguiça" de seu dicionário pessoal e adotou o sobrenome "trabalho". No mercado, ele conseguiu disseminar uma boa imagem e não teve problemas para conquistar credibilidade entre colegas, subordinados e até mesmo entre concorrentes.

Então, quando finalmente alcançou o objetivo que havia traçado para si no início de sua vida profissional, Jorge foi tomado por uma atitude autodestrutiva. Sem perceber que isso acontecia, o empreendedor cercou-se de preconceitos e fechou-se em uma redoma imaginária. De dentro das paredes invisíveis, Jorge olhava para os outros com desdém e espanto. Não conseguia atingi-los nem se permitia tocar emocionalmente por ninguém. Além disso, deixou de ser um visionário. O futuro se tornou incerto para ele, uma vez que cumprira seu objetivo de vida muito antes de sua aposentadoria.

Jorge passou a viver como se carregasse um peso enorme sobre os ombros. Não achava graça em coisa alguma e não conseguia estabelecer para si novas metas. Afinal, havia batalhado toda a vida por um objetivo que parecia inatingível e que, no entanto, fora ultrapassado.

O profissional, já em idade avançada, não sabia como começar de novo. Havia esquecido como era ter paixão por algo, determinação e força de vontade por um projeto maior. Jorge jamais se preparara para essa situação, pois tinha dado a sua vida um direcionamento único, voltado somente para os ganhos financeiros e para o sucesso na carreira.

Agora que se encontrava em uma situação confortável para a maioria dos profissionais, Jorge sentia-se inquieto e insatisfeito. Tentou, em vão, estabelecer metas menores para a sua carreira. Mas a falta de perspectivas o impediu de prosseguir. Após estabelecer seu planejamento de vida, Jorge deixou de olhar para o lado, para os outros e para o mundo. Fixou seu olhar nas etapas necessárias para atingir o sucesso e ignorou as novas tendências do mercado e as mudanças sociais.

Não sabia mais como concorrer em uma conjuntura cujo surgimento ele não percebeu. Os modelos de gestão que antes empregara com êxito estavam defasados, tal como as técnicas que tanto se esforçou para aprender. Não sabia para onde ir, pois, uma vez no topo, viu que próximo a seus pés estava o abismo. Mas o pior, para ele, era não poder encontrar uma saída. Ele estava preso entre quatro paredes invisíveis, construídas por sua própria mente.

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Quando um profissional deseja muito algo, comumente sente um vazio imenso ao conquistar seu objetivo, principalmente quando não traça nada além da conquista pela qual trabalhou durante toda a vida. Algumas pessoas, além de experimentar uma crise existencial, não conseguem retomar o rumo de sua carreira, visto que se basearam na busca de uma única meta. Então, ao alcançá-la, não sabem como redirecionar suas ações para novos caminhos, colocando empecilhos para a criação de novos objetivos. O apego que mantêm com velhos comportamentos é tão grande, que não são capazes de se imaginar envolvidas em outras ações que não aquelas que nortearam sua trajetória profissional. Essa postura, nociva e destrutiva, está presente em muitos indivíduos bem-sucedidos, que, ao atingir o ápice da carreira, enfrentam o abismo logo a seguir.

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SAIBA MAIS...

Velho Amigo

Desde 1999, o Projeto Velho Amigo desenvolve atividades de ajuda a instituições do Estado de São Paulo que prestam atendimento a idosos. Atualmente, cinco entidades são beneficiadas pela iniciativa: a Casa Ondina Lobo, a Fraternidade de Aliança Toca de Assis, a Casa dos Velhinhos do Cepim, o Sanatório Divina Providência e o Lar Augusto Neves. Com o patrocínio do Banco Alfa, da Citröen, da Nestlé e da Paragon Turismo, o projeto tem o objetivo de criar ferramentas que gerem recursos materiais (colchões, fraldas geriátricas, remédios, alimentos, reformas, etc.) e financeiros para o melhor funcionamento dos asilos, dando condições mais dignas de vida e moradia para o idoso carente. No mínimo dois eventos anuais são realizados pelo projeto com esse propósito. Até hoje, por meio de dez deles, cerca de 8 mil idosos já foram auxiliados.

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