A Petrobras prevê que os preços do petróleo cairão mais que à metade em 2008, para US$ 25, na comparação com o nível atual de US$ 65. Para 2005, a previsão é de um preço médio de US$ 52,5 para o óleo tipo Brent, valor que poderá chegar a US$ 45 em 2006 e US$ 30 em 2007.
Segundo o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, estas são estimativas conservadoras, sobre as quais a empresa elaborou seu novo plano de negócios que prevê investimentos de US$ 56,4 bilhões até 2010.
- Nós estamos usando o preço de US$ 25 como uma maneira de ser conservadores na análise de investimentos de longo prazo. Esta é uma indústria em que você faz decisões de investimentos hoje que são de difícil reversão e que vão levar quatro a cinco anos antes que tenha início a primeira produção. Estamos usando preços menores não porque queremos dizer que os valores no mercado interno vão ser mais baixos, mas para dar viabilidade em nossos projetos sem que haja surpresas caso os preços caiam. Vamos lembrar que os preços caíram para menos de US$ 9 em 1999, não faz muito tempo - disse.
O presidente lembrou, no entanto, que caso as cotações fiquem US$ 5 acima da previsão de US$ 25 para 2008, a empresa deverá ter um aumento de US$ 2,5 bilhões em sua geração de caixa operacional. A mesma cifra seria aplicada a cada queda de US$ 5 na cotação prevista pela empresa, ocasionando a redução de seu caixa.
Ao traçar um panorama do cenário atual, Gabrielli lembrou que existem fatores que afetam o nível do preço, enquanto outros afetam a volatilidade. Entre os que determinam as oscilações diárias, segundo ele, estão as taxas de juros americana, japonesa e européia, atualmente em níveis 'muito baixos em padrões históricos' na sua opinião.
- Como o mercado financeiro tem muita liquidez, há uma busca por retorno que se manifesta em vários mercados, inclusive no de commodities e particularmente no de óleo. Conseqüentemente, temos volumes de contratos não comerciais muito grandes nos mercados futuros que estão ali para buscar retorno, não necessariamente em busca do óleo. E qualquer flutação da taxa de juros causa uma entrada e saída muito grande deste mercado - explicou.
Outro fator que afeta a volatilidade, disse o executivo, é o geopolítico. Para ele, a invasão americana no Iraque afetou ainda mais a estabilidade nas áreas produtoras de petróleo do mundo.
Ao falar sobre o nível de preços do petróleo, Gabrielli citou a proximidade da relação entre a oferta e demanda global. Segundo ele, existe um colchão de 1,5 a 2,5 milhões de barris diários, que é considerado pouco. Ele também explicou que a expansão da oferta de curto prazo atual é difícil porque a maior parte das reservas estão nas mãos de empresas estatais, que conseguem cobrir seus custos com os preços atuais, sem que precisem se esforçar para investir no aumento de produção. Além disso, lembrou que a instabilidade política na Arábia Saudita também preocupa o mercado.
- Portanto, não dá para esperar um aumento significativo da produção de países onde a atividade de petróleo está nas mãos das estatais. Por outro lado, a produção não-Opep, principalmente na Rússia, tem limitações na infra-estrutura de transportes e problemas regulatórios - disse.
Embora o cenário ainda seja conturbado no curto prazo, Gabrielli prevê que no médio prazo o aumento das atividades de refino e o retorno dos investimentos em desenvolvimento da produção poderão provocar a queda dos preços.
- Hoje se você quiser contratar uma sonda de exploração vai ser muito difícil porque todas estão ocupadas. Temos uma intensa atividade exploratória e de desenvolvimento de produção. Se tudo ficar normal, é provável que em três ou quatro anos tenhamos uma queda de preço. Em função dessa possibilidade de o ciclo histórico do petróleo voltar a se manifestar, estamos com esta previsão de US$ 25 para o Brent em 2008.
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