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Bernadete era uma executiva do alto escalão de uma empresa de produtos esportivos, que conquistara a diretoria por meio de muito charme, habilidades comportamentais e relacionamentos. De personalidade dinâmica e entusiasta, a profissional era respeitada pelos colegas de trabalho, por seus subordinados e, até mesmo, pela concorrência. Seu perfil incisivo garantiu-lhe espaço no mercado e, sobretudo, na organização em que atuava.

Seu sucesso corporativo, entretanto, veio somente há dois anos, quando foi a principal responsável pela superação em 20% da meta estabelecida para o grupo. As ações que executou foram surpreendentemente eficazes, e nenhum outro executivo da empresa havia conseguido tal façanha. Por isso, a profissional foi recompensada com um bônus salarial e com a promessa de ser indicada, futuramente, para a presidência da companhia. Seu desempenho, sempre acompanhado de perto pelo corpo de acionistas, havia ultrapassado as expectativas e assegurado a ela a ascensão desejada. No ano seguinte, porém, Bernadete não conseguiu manter o mesmo ritmo de vendas, e o faturamento da empresa despencou drasticamente. Diante disso, a executiva foi cobrada para apresentar resultados e reverter a situação, que se agravava a cada dia. Mas a profissional não conseguia criar uma solução eficaz, que pudesse solucionar a queda nas vendas.

Pressionada, a executiva buscou diversas agências de publicidade e marketing, para que elaborassem novas campanhas. No entanto, o resultado foi pífio. Pensou, então, em investir no treinamento dos representantes, para estimular a comercialização. Ainda assim, o retorno foi irrisório. A partir daí, Bernadete percebeu que a única alternativa que lhe restava era introduzir no mercado um novo produto, com diferenciais relevantes para o público.

Semanas se passaram sem que a executiva pudesse pensar em algo criativo ou que fosse despertar interesse. Bernadete estava desesperada, pois sabia que sua demissão era certa no caso de não conseguir logo uma saída para o problema. De repente, lembrou-se de um projeto, feito por um ex-colega anos atrás. Na época, a idéia não havia sido implantada por ser considerada muito inovadora. Mas Bernadete retomou o texto e percebeu que, nos dias atuais, o projeto seria uma grande oportunidade para alavancar as vendas. Tomada pelo medo da demissão, plagiou o conteúdo do texto e o apresentou na reunião da diretoria como se fosse de sua autoria. O corpo de acionistas adorou a proposta e a concretizou imediatamente. Seis meses depois, os resultados positivos começaram a surgir, e a executiva pôde respirar aliviada. Sua iniciativa foi amplamente elogiada e divulgada. Bernadete, mais uma vez, estava no auge de sua carreira.

O ano seguinte foi promissor, pois os resultados da campanha anterior ainda geravam bons frutos. A executiva estava feliz e sonhava agora com a promoção prometida. Porém, certo dia, ao chegar à empresa, foi chamada pelo presidente para uma reunião urgente. A razão do encontro era sua demissão imediata. Motivo do desligamento: roubo de uma idéia implantada pela empresa. Identificando o plágio, o verdadeiro autor do projeto denunciara a profissional à diretoria, que prometeu tomar medidas enérgicas para evitar um processo judicial contra a organização.

Bernadete não conseguiu se explicar, pois sua atitude não permitia desculpas. Ela havia agido de má-fé para se promover, apropriando-se de um texto alheio para colher os louros. Após a saída da executiva, a empresa precisou, anos mais tarde, explicar-se sobre outro plágio, que auxiliara a ex-funcionária a superar as metas da organização em 20%.

Não é de hoje o ditado "Nada se cria; tudo se copia". Porém, nunca se deve desprezar a ética. Embora muitas vezes as pessoas sintam-se tentadas a tomar posse de uma idéia alheia, adotar essa postura no mundo organizacional e acadêmico é uma atitude arriscada. Ela macula a imagem do profissional e denota falta de princípios, desonestidade e incapacidade de criar, pondo em dúvida todo o mérito que ele possa ter em projetos posteriores.

Apesar de as chances de um flagrante às vezes parecerem muito pequenas, quando utilizar materiais cuja autoria não seja sua, dê crédito ao verdadeiro responsável –esteja ele sentado a seu lado ou do outro lado do mundo. Isso vale, inclusive, para o conteúdo disponibilizado na internet, hoje tão acessível e, por isso, freqüente ponto de partida para o plágio.

SAIBA MAIS...

Um passo além

Com o objetivo de cumprir a legislação que obriga as empresas fabricantes de pneus a recolhê-los depois de usados, de dar a eles uma destinação ambientalmente correta e de ir além, a BS Colway Pneus criou o projeto Rodando Limpo.

Iniciado em 2001, ano anterior à promulgação pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente de uma resolução sobre o assunto (Conama 258/99), o programa tem como diferencial o trabalho social que desenvolve. Tanto quanto cumprir a norma, ele busca proporcionar à população carente uma fonte de renda alternativa e ajudar a erradicar a dengue no Paraná. Com base nessa proposta, a empresa compra pneus de cooperativas de carrinheiros, que recebem, ainda, treinamentos sobre ecologia e preservação ambiental.

Em 2003, o programa também criou um mutirão de combate à dengue - em conjunto com o governo do Estado, com a Associação dos Municípios do Paraná (AMP) e com a Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Paraná (Faciap). Desde sua implementação, o Rodando Limpo já retirou do meio ambiente 7.690.000 pneus, mais do que a meta estabelecida pelo Conama para a BS Colway.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986.

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