Depois de uma trégua na véspera, o mercado financeiro brasileiro teve uma manhã de números negativos nesta terça-feira, com a volta da cautela com o cenário político. O dólar fechou a manhã contabilizando alta de 0,96%, cotado a R$ 2,406 na compra e R$ 2,408 na venda. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caía 1,43% no final do período, com R$ 948,2 milhões em negócios.
O depoimento do ex-deputado Valdemar Costa Neto nesta terça, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Mensalão voltou a trazer preocupação aos investidores, que temem o surgimento de novidades sobre a crise. Mas a maior cautela é com a fala do advogado Rogério Buratti, na quarta-feira, na CPI dos Correios. Buratti é o autor das denúncias contra o ministro Antonio Palocci (Fazenda) que sacudiram o mercado na sexta-feira.
O cenário internacional também não ajudou. A alta do petróleo no início do dia derrubou bolsas asiáticas, européias e as americanas. Também indicadores econômicos americanos não agradaram, como a queda na venda de casas usadas, que sinalizam desaquecimento econômico.
Segundo Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da corretora NGO, há expectativa em torno da possibilidade de novos fatos perturbadores na área política. Com isso, diz, muda o comportamento e se instala a volatilidade nos preços dos ativos e seus indicadores.
"Este é um cenário que deve prevalecer até que se ganhe melhor entendimento do quadro político em crise, com personagens melhor definidas e seus efetivos papéis em tudo que se denuncia", afirma. Das 55 ações do Índice Bovespa, as maiores baixas no final da manhã foram de Tele Leste Celular PN (-3,84%) e Siderúrgica Tubarão PN (-3,38%). Nenhuma ação do índice tinha alta no final da manhã.
No mercado futuro de juros, as projeções acompanharam a pior de humor dos mercados e as projeções da taxa Selic subiram. A alta foi maior nos vencimentos mais longos. O Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2007, o mais negociado, tinha taxa de 18,27% anuais, frente aos 18,19% do fechamento de segunda-feira.