A designer Jill Ploszaj mantém duas versões de seu portfólio: uma digital e outra impressa| Foto: Arquivo pessoal

O trabalho dos recrutadores de pessoal ficaria bem mais fácil se eles pudessem, só ao olhar o currículo, ter uma boa ideia do trabalho desempenhado pelos candidatos nos empregos anteriores. Mas, para algumas áreas – como design e arquitetura, por exemplo –, isso não só é possível como já virou exigência no mercado. Trata-se do portfólio profissional, uma ferramenta que apresenta não só uma descrição do histórico profissional, mas sim o próprio trabalho realizado.

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Enquanto o currículo destaca o perfil pessoal, os conhecimentos e o histórico de um candidato, o portfólio funciona como uma espécie de dossiê, comprovando a experiência efetiva do profissional no desenvolvimento de trabalhos e projetos.

"O currículo, por ser mais abrangente, pode ser direcionado para várias empresas – é uma espécie de ‘coringa’. Já o portfólio é detalhado, com foco na experiência direcionada a um determinado objetivo. É a ‘carta na manga’", explica o gerente regional Sul da empresa de recrutamento e seleção Gelre, André Nascimento.

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Segundo o consultor, a utilização do portfólio ainda não é uma prática muito disseminada nos processos de seleção, e está mais restrita a áreas como publicidade e propaganda, engenharia e arquitetura. "Mas, no mundo corporativo, os profissionais ligados a áreas estratégicas podem criar um diferencial apresentando um bom portfólio", ressalta.

Para a designer Jill Roberta Ploszaj, o portfólio é mais importante que o currículo na hora de conseguir uma colocação ou um trabalho freelancer. "Na área do designe, antes de querer saber onde você estudou, um cliente vai querer ver o seu trabalho. E é no portfólio que você consegue mostrar exatamente o que você faz e como faz, com sua característica específica e seu traço", explica.

Jill mantém um portfólio digital sempre "pronto para ser disparado" e uma versão impressa.

"A versão impressa é um pouco mais cara, mas também é fundamental. A última atualização custou mais de R$ 200, mas o retorno foi imediato", diz.

A designer conta que da última vez que procurou emprego e divulgou seu portfólio-online para cinco empresas, recebeu retorno e fez entrevistas com todas elas, recebendo quatro propostas de emprego. "Ainda me dei ao luxo de escolher pela melhor oportunidade", comemora.

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Postura

Para que o portfólio some pontos a seu favor, é preciso tomar uma série de cuidados, que começam na elaboração e organização do material, que acaba sendo uma extensão da identidade do profissional. A criatividade conta pontos, mas o formato deve ser adequado; às vezes, mostrar muita ousadia pode ser ruim, quando não é esse o interesse da empresa.

Na hora de escolher o formato ideal, é importante ter em mente que um bom portfólio precisa ser constantemente atualizado e precisa estar sempre acessível quando solicitado. Um site na internet pode ser um diferencial, mas o mais indicado é manter conteúdo em diferentes formatos para que ele consiga abranger todas as possibilidades.

Escolhida a forma, é hora de pensar no conteúdo. "É preciso ter cuidado com a prepotência. As informações apresentadas devem ser importantes e demonstrar um peso técnico", orienta a consultora do Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort/SP) e psicóloga organizacional, Rosana Bueno.

Também é preciso que todas as informações listadas sejam facilmente comprovadas e que tenham sido efetivamente realizadas pelo profissional. "Um engenheiro que pregou um prego não pode dizer que ergueu um prédio", exemplifica Rosana.

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Durante um processo seletivo, a primeira medida é avisar o recrutador que você possui um portfólio, mas cabe a ele solicitá-lo, se e quando julgar importante. "Uma vez apresentado, o candidato deve dominar plenamente todo o conteúdo e saber responder qualquer questão ligada aos projetos listados", explica Nascimento, da Gelre.

Os consultores lembram que o objetivo de qualquer portfólio é mostrar o histórico de projetos e trabalhos desenvolvidos pelo profissional. "Assim, para quem não tem experiência e está começando uma carreira, vale mais a pena continuar confiando em um currículo bem elaborado", ressalta Rosana.