Uma série de aumentos do preço do álcool nas usinas provocou, em pouco menos de um mês, um reajuste de até 26% no combustível vendido ao consumidor. No dia 9 de setembro, o preço médio do álcool em Curitiba era de R$ 1,19 por litro. Nesta quarta, a maioria dos postos com bandeiras de grandes distribuidoras, como Shell, Ipiranga, Esso, BR e Texaco, cobrava R$ 1,499. Na maior parte dos postos sem bandeira, o valor variava de R$ 1,35 a R$ 1,39.

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De acordo com reportagem de Fernando Jasper da Gazeta do Povo desta quinta-feira, o aumento nas refinarias encarece o álcool para as distribuidoras que, por sua vez, repassam o reajuste aos postos de combustíveis. "Nas últimas duas semanas, o preço para nós subiu 20 centavos, e tivemos que aumentar o valor na bomba", explica o gerente de um posto do bairro Alto da XV, onde o litro do álcool é vendido por R$ 1,499. "O último reajuste foi no fim de semana."

A alta também começa a se refletir no preço da gasolina, já que o combustível leva 25% de álcool em sua composição. "A maioria dos postos ainda cobra menos de R$ 2,40 pelo litro da gasolina, mas já se pode encontrar preços acima disso em alguns lugares, de até R$ 2,49", diz Roberto Fregonese, presidente do Sindicombustíveis, que representa os donos dos postos.

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Fregonese conta que os aumentos do álcool nas usinas começaram assim que a Petrobras elevou em 10% do preço da gasolina nas refinarias, no mês passado. "Acho que os usineiros consideraram que era uma boa hora para ajustar seus preços. No mesmo dia, repassaram 14 centavos às distribuidoras, e em seguida promoveram outros aumentos ", diz.

Com isso, o preço do álcool comprado pelos postos, que há um mês era de R$ 1,09 por litro à vista, sem incluir o frete, hoje está em R$ 1,358, nas mesmas condições. "Se houver algum posto vendendo álcool abaixo desse valor, é algo a ser verificado pela Receita Federal, pois há quem compre sem nota fiscal." Dos 26 postos consultados pela reportagem, quatro ofereciam o litro do combustível por preços entre R$ 1,33 e R$ 1,35.

Consumo

A explicação dos usineiros para os aumentos está no quadro de oferta e demanda do álcool. Enquanto o açúcar é muito suscetível às oscilações do mercado internacional e do dólar – dois terços da produção brasileira são exportados –, o preço do álcool é regido muito mais pela relação diária entre ofertante e comprador no mercado interno, uma vez que apenas 15% da produção do Centro-Sul do país é destinada ao exterior.

Oferta certamente não é o problema: a colheita da cana-de-açúcar, que começou na segunda metade de abril e termina no fim de novembro, está no pico. O que acontece, de acordo com a Única, é um progressivo aumento do consumo. A associação alega que, desde maio, a venda dos carros com motor bicombustível é maior que a dos movidos somente a gasolina, o que elevou a procura pelo álcool. Além disso, nesta época do ano seria comum uma recuperação dos preços, que costumam cair no início da colheita.

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