O promotor Matheus Baraldi, do Ministério Público Federal, afirmou nesta quinta-feira em entrevista à apresentadora Ana Maria Braga, no programa "Mais Você", que vai entrar em contato com autoridades dos Estados Unidos e da Itália para requisitar documentos de grifes internacionais que auxiliem na investigação do esquema de subfaturamento de importações da Daslu, a mais sofisticada loja de São Paulo. Segundo ele, a dona da Daslu, Eliana Tranchesi, não ficou detida mais do que tempo necessário. A empresária passou 10 horas presa na sede da Polícia Federal nesta quarta-feira.
- Ela não ficou presa um minuto a mais do que o necessário - afirmou.
O promotor rebateu as afirmações do advogado da Daslu, de que não precisaria prender as pessoas, apenas chamá-las para depor.
- O direito de defesa é assegurado pela Constituição, mas a prisão é cautelar, como o próprio nome diz. Nessa investigação, a concretização do modo de operar funcionava no refaturamento, com a troca de fatura original por uma falsa com outro valor bem menor. A operação passava pela destruição de provas, que são as faturas originais. Como vimos na apreensão, documentos recentes seriam incinerados. Ou seja, poderia haver destruição de provas - explicou.
Segundo o promotor, o comerciante chinês Law Kin Chong, dono do Shopping 25 de Março, foi preso por mais tempo porque era perigoso e tinha "poder bélico", além de corromper a polícia.
Baraldi explicou também o 'estilo Daslu' de atuar. Segundo ele, as notas fiscais verdadeiras eram trocadas por outras falsas, com os produtos declarados a preço menor. Além disso, a importação era negociada pela Daslu mas efetivada por importadoras. No endereço de uma delas foi localizada uma garagem vazia.
Segundo ele, a documentação recolhida na Daslu será encaminhada ainda nesta quinta-feira para a Receita Federal, que analisará os documentos. O segundo passo será o Ministério Público oferecer denúncia à Justiça, por meio de ação penal.
O promotor afirmou que o crime tributário é dos mais corriqueiros no país, mas não há político ou pessoa atualmente que esteja "blindada" da investigação do Ministério Público.
- Essa operação sela uma República. Não há político ou pessoa que esteja blindada. Essa investigação conseguiu chegar a pessoas de extremo poder político e projeção social. Começamos a democracia com o 'impeachment' do presidente. Não existe mais no Brasil pessoa que, em função do poder, esteja blindada. Vivemos verdadeiramente numa República - disse o promotor.
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