A produtividade é uma questão hormonal. Essa é a base da teoria do neuroeconomista norte-americano Paul Zak, que pesquisou os efeitos da ocitocina no organismo humano durante 12 anos. O cientista esteve em Curitiba para a abertura da 13ª Feira de Gestão da FAE, realizada na última semana, em Curitiba.
Zak é fundador do Centro de Estudos em Neuroeconomia da Universidade de Claremont, na Califórnia, e o autor da teoria da Molécula da Moralidade, em que comprova, por meio de testes laboratoriais, os efeitos da ocitocina no ser humano e sua aplicabilidade na gestão de empresas de alta performance.
A ocitocina é o hormônio responsável pela produção do leite materno nas fêmeas de mamíferos. Zak identificou outros efeitos da substância no comportamento social, como a geração da sensação de confiança e empatia com os demais. "Meu objetivo era demonstrar como a reação química afetava as decisões das pessoas e, então, como a conduta poderia ser aplicada em ambientes corporativos", diz.
A partir dos resultados de testes laboratoriais, em que media os níveis de ocitocina em indivíduos submetidos a diferentes condições para estímulo para produção do hormônio, Zak desenvolveu a teoria da Molécula da Moralidade. De acordo com o cientista, quanto maior o clima de confiança e empatia, mais dispostas e satisfeitas as pessoas ficarão. E isso vai tornar o trabalho um local de felicidade, incentivando o engajamento nos diferentes projetos empresariais.
A proposta é desafiadora e exige um bom grau de maturidade dos níveis gerenciais para implantar condutas que estabeleçam a cultura da confiança no dia a dia da empresa. Zak lembra que é preciso envolver e valorizar as pessoas em todo o sistema, que inclui identificar propósitos da organização e definir objetivos claros. "A produtividade depende da cultura da empresa e da personalidade dos indivíduos, em iguais proporções", diz.
Entre as condutas sugeridas, o cientista indica estruturas hierárquicas mais lineares, onde o trabalho em equipe é fundamental. Decisões compartilhadas, tarefas desafiadoras, distribuídas de acordo com o perfil dos envolvidos, são algumas das linhas de ação.
Os resultados, aferidos em empresas que adotaram o sistema como a Zappos, a Herman Miller e a Maritz, nos Estados Unidos, e a Semco, aqui no Brasil, se mostram positivos. Em geral, o nível de estresse um dos elementos que bloqueia a produção de ocitocina cai até 70%. As empresas também registraram mais iniciativas inovadoras (22%) e queda de até um terço de dias parados por motivos de saúde.