Um elástico pode esticar até deformar e arrebentar ou pode ficar ileso após ser distendido. Na física, essa capacidade de um material voltar ao seu estado natural depois de ter sofrido tensão é chamada de resiliência. No dia a dia, muitas pessoas demonstram essa mesma habilidade: se recompõem rapidamente após situações extraordinárias em sua vida pessoal ou na carreira.
No mercado de trabalho, profissionais com elasticidade emocional reduzem os efeitos do estresse na organização e a incidência de doenças e de acidentes. O desempenho individual e a eficiência nas tarefas melhoram. A presidente da International Stress Management Association (Isma/BR), entidade dedicada à prevenção e ao tratamento do estresse, Ana Maria Rossi, explica que algumas pessoas nascem com essa característica e outras podem desenvolvê-la. "Para aprimorar essa competência, o profissional precisa trabalhar a autoestima, treinar o autocontrole, buscar ser flexível de forma criativa e estabelecer metas para si mesmo. O otimismo e o senso de humor também se tornam aliados de quem quer evoluir nesse sentido", diz.
Quanto mais qualificado for o estilo de vida do profissional, melhor ele vai responder aos estímulos positivos e negativos diários. De acordo com Léo Berlese, coordenador do treinamento vivencial Conexão Alpha do Rio Grande do Sul, as empresas podem proporcionar aos funcionários as ferramentas para incentivar esse comportamento. A começar pelos gestores.
"A capacidade de empatia (de se colocar no lugar do outro) é uma das chaves para o líder estimular as qualidades nos componentes de seu time. Primeiramente, ele precisa entender que um fato, por si só, não tem emoção. O sentimento é gerado a partir do significado que aquela questão tem para cada um", ensina.
De acordo com levantamento feito pela Isma/BR, 70% dos profissionais sofrem com sequelas de estresse e apenas 23% apresentam características de resiliência. A boa notícia que é essa habilidade pode ser desenvolvida por meio de treinamento especializado.
O professor Paulo Yazigi Sabbag, da Fundação Getulio Vargas, idealizou uma escala para avaliar o nível de resiliência de profissionais, com nove fatores: autoeficácia, solução de problemas, temperança, empatia, proatividade, competência social, tenacidade, otimismo e flexibilidade mental. "O conceito de resiliência teria pouca aplicabilidade se não fosse possível mensurá-lo em indivíduos. A questão de como medi-la, porém, não é simples. Se é uma capacidade ou processo de adaptação, seria necessário avaliar as respostas reais e não presumidas em um grande conjunto de situações adversas. Isso não é viável. Daí a preferência por escalas baseadas em comportamentos presumidos diante de situações usuais. Melhor uma medida imperfeita que a ausência de medidas", aponta.