Engenheiro com pós-graduação em Gestão de Projetos, Danilo é um profissional ousado, que gosta de desafios e não teme obstáculos. A função que ocupa como gerente ele pretende em breve abandonar para preencher um lugar mais alto na hierarquia da organização. Seu sonho é chegar a diretor antes de completar 35 anos. Com esse foco, o profissional se esforça para se manter atualizado, aprendendo novos idiomas e freqüentando workshops, palestras e encontros do setor. Além dos bons conhecimentos técnicos e da facilidade para se comunicar com os outros, Danilo se destaca por sua postura incisiva.
Seus métodos de trabalho, no entanto, são questionados por alguns de seus companheiros. Além disso, seu sonho de galgar posições está muito além de seu alcance. Na verdade, talvez ele jamais seja concretizado (pelo menos na empresa atual). O empecilho para tal conquista foi plantado quando Danilo se submeteu a uma avaliação de potencial, após um ano de gerência. Na ocasião, ele foi escolhido para o teste por ser o colaborador mais cogitado para assumir uma vaga na cúpula. Embora confiante em suas qualidades, Danilo não se saiu tão bem na análise realizada.
O processo identificou, de imediato, uma falha grave no comportamento do engenheiro: o hábito de prometer sem a responsabilidade de cumprir. As promessas que o funcionário assumia eram feitas automaticamente, como resposta às perguntas que lhe eram direcionadas. Por exemplo, se alguém lhe questionava sobre o prazo de determinada obra, ele prontamente respondia que o projeto seria concluído bem antes do previsto, enfatizando a declaração "Eu prometo". Porém, logo percebia que não seria possível finalizar a obra a tempo, pois os envolvidos não tinham atendido aos prazos estabelecidos, o material solicitado não tinha sido entregue na data, etc.
O atraso, portanto, não era de responsabilidade única de Danilo, mas a promessa sim. E as inúmeras vezes em que, sem pensar, prometeu alguma coisa, o gerente acabou decepcionando alguém. Mesmo conseguindo superar as expectativas ao final do processo, a falta de maturidade para assumir que não sabia algo ou para determinar prazos mais longos acabou definindo seu futuro profissional.
Hoje, ele é mantido na empresa por suas habilidades técnicas, mas a falha comportamental selou seu destino categoricamente. A Diretoria jamais indicará seu nome, pois percebeu que Danilo não é capaz de manter sua palavra. Até agora o engenheiro não se incomoda em fazer promessas; ao contrário, acha que elas são um artifício válido para ganhar tempo e conquistar a confiança dos outros. Quando não consegue manter o prometido, explica com desenvoltura o problema que motivou tal situação e, logo em seguida, faz nova promessa, arrastando com a barriga a questão.
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Fazer promessas que não se tem intenção de cumprir pode comprometer, em definitivo, a credibilidade da pessoa. Embora pareça inofensiva, a promessa não cumprida leva a problemas posteriores, como novas promessas e pequenas mentiras para justificar o compromisso não atendido. É um ciclo que, se iniciado, envolve o indivíduo num emaranhado de desculpas, decepção e culpa. Muitas vezes, o sentimento criado por uma expectativa não correspondida pode inviabilizar uma venda, um projeto ou uma ação coletiva, pois abala a imagem do profissional e dá margem para o questionamento de sua competência. Por isso, evite fazer promessas sem analisar as condições reais de cumpri-las, bem como o prazo necessário para realizar tal tarefa. Assim você desenvolverá uma relação de confiança com aqueles que o cercam, além de descansar em paz sabendo que não está em dívida com ninguém.
Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986.