O Evangelho de hoje se divide em duas partes e em cada uma delas é apresentado um perigo que se deve evitar absolutamente.
O primeiro é o apego ao dinheiro. Deve de fato o cristão prestar atenção, para não amarrar o seu coração aos bens deste mundo? Como? Quem corre este risco? O rico ou o pobre? Quando alguém não rouba e até dá esmolas, o que há de mal se em seguida se apega um pouco ao dinheiro? O perigo de que o dinheiro se transforme em senhor paira sobre todos, ricos e pobres.
O primeiro mandamento diz: "Não terás outros deuses além de mim" (EX. 20,3). Jesus afirma que existe um outro deus que tudo faz para ocupar o lugar do Senhor no coração do homem: o dinheiro. De que forma uma coisa material pode se transformar em deus? É fácil: Deus é o objetivo de todos os nossos pensamentos, de todos os nossos atos, de toda a nossa vida. Ensina o livro do Deuteronômio: "Ama o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças" (Dt 6,5). Ora, pode acontecer que o homem substitua no seu coração o único verdadeiro Deus por outros deuses e comece amá-los de todo o coração, com toda a alma e com todas as forças.
Esses pequenos deuses são chamados na Bíblia "ídolos". Podem se transformar em ídolos o sexo, o esporte, o partido político, a bebida, a dança, a cultura... Observe-se que todas essas coisas são boas, e tornam-se perigosas somente quando se transformam em ídolos, isto é, quando nos fazem perder o juízo, quando nos conduzem a cometer loucuras, quando absorvem todos os pensamentos e todos os interesses.
Todos os ídolos destroem o homem. Qual, é, porém, o pior de todos? O Evangelho de hoje o revela: é o dinheiro. É perigoso, pois em verdade ele proporciona muito para quem o adora. Proporciona comidas, bebidas, saúde, prazeres, carros, viagens...E o que ele pede me troca? Este ídolo é terrível: exige tudo! Por amor ao dinheiro o homem deve estar disposto a perder a própria dignidade, a enganar, a roubar, a matar, a arruinar a vida dos outros, a perder as amizades e até a renunciar o afeto da mulher e dos filhos. Quem adora o dinheiro tem tudo, mas não é mais homem.
A segunda parte do Evangelho de hoje nos alerta contra outro perigo. É menos grave do que o anterior, é verdade, é preciso estar de sobreaviso da mesma forma. Jesus não diz aos seus seguidores: "parai de trabalhar, comportai-vos como as aves do céu, levai a vida como os animais, não mais é preciso nem semear e colher!". Não são essas as suas palavras. Ele não convida à preguiça, ao desinteresse, à acomodação. O Ele recomenda é: "não fiqueis aflitos, não vos inquieteis!". Não se afirma que não se deve trabalhar, mas não se deixar levar pela angústia.
O compromisso para se resolver os problemas de vida, não deve nos fazer perder a alegria de viver. A inquietação, o afã não trazem nada de bom, provocam somente desastres, acrescentam somente outros sofrimentos aos que já existem. O motivo pelo qual, mesmo diante das maiores dificuldades, é preciso manter a paz do coração, é a certeza de que a nossa vida está nas mãos de Deus. Ele jamais abandona os seus filhos, acompanha-os sempre, abençoa os seus esforças e seus compromissos.
Os dois exemplos que Jesus apresenta são muito bonitos. As aves do céu e as flores dos campos são coisas tão pequenas, mas não obstante, Deus se interessa por elas: com muito mais razão acompanhará a vida dos seus filhos.
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