Não é de hoje que a qualificação se tornou um fator decisivo na hora de conseguir uma vaga no mercado de trabalho, do chão de fábrica ao alto escalão das empresas. Contudo, em tempos de crise econômica e desemprego em alta, existem profissionais relatando que ter um currículo muito qualificado tem dificultado o retorno ao mercado após uma demissão, por exemplo.
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Após uma, duas, três negativas após entrevistas de emprego, muitos começaram a atribuir o motivo das portas fechadas ao excesso de qualificação para a vaga. Diante disso e, sobretudo, da necessidade de voltar ao mercado de trabalho, a reação imediata de alguns profissionais têm sido “rebaixar o currículo”, ocultando cursos, formação e até mesmo experiências profissionais.
“Não dá pra afirmar que existe uma tendência dos candidatos em omitir informações em seus currículos, mas existe sim uma preocupação deles em não parecer muito qualificado para uma oportunidade”, afirma Caroline Cadorin, diretora da Hays Experts.
Independente de o candidato querer ou precisar muito da vaga, esconder qualificações não é uma postura recomendada pelos recrutadores, que têm diversos mecanismos para identificar esse tipo de atitude por parte dos candidatos. Na prática, pode ter o efeito contrário do desejado, pois, embora o candidato não esteja mentindo, ele também não está sendo transparente com o empregador. “
Não dá pra afirmar que existe uma tendência dos candidatos em omitir informações em seus currículos, mas existe sim uma preocupação deles em não parecer muito qualificado para uma oportunidade
Para as empresas, o excesso de qualificação para ocupar determinado cargo não é uma preocupação, mas sim a impossibilidade de pagar um salário compatível com o currículo do profissional, principalmente neste momento em que o orçamento das companhias está bastante enxuto. A maioria das empresas tem receio de contratar um profissional que, ao menor sinal de melhora do mercado, pode bater asas para outra companhia que possa remunerá-lo melhor. Por outro lado, mesmo que fique com a vaga aceitando ganhar menos, esse profissional também pode acabar frustrado e desmotivado muito rapidamente.
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Uma dica: jogue limpo sempre
Diante da imensa quantidade de currículos que as empresas precisam avaliar para selecionar seus profissionais, Caroline ressalta a importância de um documento enxuto e objetivo. “O currículo deveria ser personalizado para cada oportunidade. É sempre melhor entender a vaga e ressaltar as suas competências e qualificações para o cargo em disputa do que colocar experiências e cursos que em nada acrescentam naquele momento”. Ela lembra, contudo, que o currículo, por si só, não vai definir se o candidato fica com a vaga. “Na frente do empregador você não consegue mentir”, acrescenta.
Em vez de tentar suprimir experiências, o profissional pode – e deve – focar nas competências específicas que tem para aquela vaga, sugere Thiago Gaudencio, gerente da Michael Page em Curitiba. “Mesmo com uma extensa bagagem, é importante avaliar como eu “me vendo” apropriadamente para o desafio em questão, encarando o momento de maneira profissional e transparente, mesmo que isso signifique uma remuneração menor”, diz.
Mais qualificação, menos dinheiro no bolso
Salários mais enxutos, aliás, são a nova tônica do mercado de trabalho. Segundo Caroline, da Hays, existe uma flexibilidade por parte dos candidatos que estão no mercado, muitas vezes buscando recolocação ou ainda um projeto mais robusto ou seguro, em avaliar propostas com salários inferiores àqueles que anteriormente eram os recebidos em suas últimas experiências.
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De acordo com o Guia Salarial da Hays, 55% dos profissionais empregados que foram entrevistados disseram que aceitaram uma redução salarial para abraçar um novo projeto ou mudança de área na empresa. Dentre os profissionais que estão buscando recolocação no mercado de trabalho, 50% aceitariam ganhar menos para encarar um novo desafio. O levantamento também indica que, referente ao ano de 2016, 55% dos profissionais entrevistados afirmaram que não tiveram aumento salarial.
Deixe o orgulho de lado
“Não se trata de sujeitar-se a salários inferiores, mas de se adaptar ao novo cenário econômico que fez com que, de forma geral, a grande maioria das corporações passassem por um processo de reestruturação em suas políticas salariais, ajustando, para baixo, a remuneração de seus profissionais”, afirma Caroline.
Os recrutadores lembram, contudo, que não é apenas o dinheiro que conta. Os desafios do cargo e as perspectivas de crescimento na companhia, além do alinhamento entre a cultura e os valores da empresa e do profissional também tem um peso importante nessa equação. A saída para resolver a preocupação das empresas e do candidato é alinhar as expectativas. “Com transparência não tem surpresa”, afirma Gaudencio, da Michael Page.
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