O que fazer se, depois de anos na mesma profissão ou, ainda durante a faculdade, chega-se à conclusão de que não se escolheu a carreira certa? Mudanças no mercado de trabalho, crenças pessoais ou então a vontade de ir atrás de um sonho antigo podem diminuir o interesse ou inviabilizar a permanência no atual emprego, a ponto de a pessoa considerar seriamente a possibilidade de encontrar outra profissão para ser fonte de renda e realização pessoal.
Nesses casos, buscar orientação ajuda o profissional a compreender seus desejos, avaliar quais são as possibilidades de mudança pessoais e do mercado de trabalho - e encontrar um novo campo de atuação. "O primeiro passo é identificar o porquê da insatisfação, se a pessoa idealizou muito a profissão", diz a psicóloga Solange Mezaroba, que atua com orientação profissional. Caso seja possível, a sugestão é tentar reaproveitar a formação de origem para mudar de área e fazer a recolocação profissional. Fazer uma especialização, por exemplo, pode viabilizar a mudança do segmento de atuação.
A trajetória profissional do chefe do Instituto de Criminalística de Londrina (IC), Daniel Felipetto, ilustra a conciliação entre interesses pessoais e possibilidades. Em 1986, ele se formou em administração com ênfase em comércio exterior. Ele fez o curso na Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana (Fecea) e precisaria se mudar para um grande centro, no qual houvesse operação de importação e exportação.
Mudança
Dada a impossibilidade, Felipetto ingressou na Polícia Militar. Posteriormente, tornou-se escrivão da Polícia Civil e, em 1993, ingressou na Polícia Científica. Dois anos depois, como perito criminal, ele fez um curso de especialização em análise de sistemas e hoje é o responsável pelas perícias em informática realizadas pelo IC.
Felipetto chegou a um patamar que é a meta de muitos brasileiros: atingiu um cargo de chefia, é funcionário público e tem estabilidade. Apesar disso, decidiu mudar radicalmente. No ano que vem, ele se forma em psicologia pela Unifil e pretende abandonar o funcionalismo público para atuar como psicanalista. Durante três anos, ele fez o curso da Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil (Spob).
"O trabalho na Criminalística é desgastante, a gente lida ou com morto ou com bandido. Essa vivência criou em mim a necessidade de compreender", explicou. Depois de trabalhar anos reconstituindo cenas de morte, o perito costuma dizer que quer trabalhar para os vivos. "Toda mudança envolve angústia. Sei que, como psicanalista, não terei vencimento fixo como tenho na polícia. Mas, dentro de um conjunto de fatores, estou buscando algo melhor", disse.
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