Um dos principais destinos de intercambistas brasileiros, a Austrália está selecionando candidatos do mundo todo para o programa Endeavour Scholarships and Fellowships. Baseado em mérito acadêmico e profissional, o programa de bolsas dá apoio financeiro integral para estrangeiros que queiram estudar no país e também para australianos que desejem fazer um intercâmbio. As inscrições vão até o dia 30 de junho.
Conheça o brasileiro que conseguiu uma bolsa de estudos na Austrália
Considerada a 13ª economia do mundo, quase 26% dos estudantes do país são estrangeiros, segundo dados Embaixada da Austrália no Brasil. Com opções de pós-graduação para estrangeiros que vão de especialização a pós-doutorado, o país é procurado por oferecer uma experiência multicultural, segurança, alta qualidade de vida e instituições educacionais de ponta.
“Sete entre as 100 melhores universidades do mundo estão na Austrália, segundo o QS World University Rankings”, diz a gerente de educação da Comissão Australiana de Comércio e Investimento (Austrade), braço do Consulado Geral da Austrália, Patrícia Monteiro. Esse número impressiona mais quando leva-se em consideração que o país tem apenas 43 universidades – 40 públicas – e é a terra natal de 10 ganhadores do prêmio Nobel.
O governo investe cerca de R$ 23 bilhões no financiamento de pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias e recebe 600 mil estudantes internacionais anualmente – a quarta atividade mais rentável no país. “Queremos explorar as oportunidades de cooperação entre países em educação, treinamentos, ciências e pesquisas, promovendo o intercâmbio de estudantes nas duas vias e a mobilidade acadêmica e de pesquisa”, explica o conselheiro de Ciência e Educação da Embaixada australiana no Brasil, Niclas Jönsson.
Financiamento federal beneficiando estudantes
Hoje, o Brasil é o sétimo país em número de intercambistas na Austrália, perdendo apenas para nações asiáticas. Com o visto de estudante, brasileiros podem trabalhar 40 horas a cada quinze dias durante os estudos, o que barateia a formação internacional. Outras ajudas de custo podem vir diretamente das universidades ou de programas governamentais, como é o caso das bolsas Endeavour.
Sem reserva de vagas por nacionalidade ou área de atuação, a competição é grande, mas o benefício oferece a chance de buscar vagas de especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado, curta temporada de pesquisa ou estágios e visitas técnicas para profissionais seniores com apoio financeiro integral.
Leia também: Em tempos de crise, brasileiros buscam intercâmbio que inclui trabalho temporário
Formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, o procurador legislativo Douglas Moreno resolveu atravessar o mundo para fazer pós-graduação. Depois de um mestrado na Nova Zelândia, foi um dos contemplados pela bolsa Endeavour para desenvolvimento profissional. Como resultado, de janeiro a abril de 2014, fez parte da equipe da Ombudsman South Australia, ouvidoria pública regional que busca transformar a insatisfação popular em relação ao governo em ações concretas.
“Busquei estes países por serem renomados quanto à transparência na administração pública”, conta o recifense, que percebeu, à luz dos protestos de junho de 2013, a dificuldade de canalizar essas ações em resultados práticos. “Senti na pele como funciona o sistema australiano porque estava inserido nele. Trabalhei na ouvidoria pública parlamentar como se fosse um membro da equipe”.
Reflexo imediato na carreira
Para Moreno, a experiência foi gratificante por ter conhecido de perto instituições eficientes e pela troca cultural. “Não tive nenhum atropelo, nenhuma experiência negativa. Fui muito bem tratado, acolhido e recebido”, relata. Além disso, o período teve um impacto direto na sua vida profissional. Procurador legislativo, com a vivência internacional ele ocupa hoje também o cargo de ouvidor executivo da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco.
“Na Austrália e na Nova Zelândia o sistema de ouvidoria é responsável por processar [insatisfações populares] para gerar resultados mais objetivos. Voltando ao Brasil, tentei aplicar isso baseado na experiência de um país desenvolvido”, explica. Esse tipo de ação direta não é obrigatória para os que recebem o benefício, porém é um dos objetivos da iniciativa governamental, garante o ex-intercambista. “As bolsas do governo procuram desenvolver e capacitar as pessoas para melhorar seus países de origem”.
Dedicação e atenção aos processos seletivos
Ainda que concorridos, ingressar em processos seletivos de concessão de bolsas de estudo e aperfeiçoamento profissional não é uma missão impossível. A Endeavour, por exemplo, exige dos candidatos internacionais uma documentação básica – como histórico acadêmico, diploma e passaporte –, cartas de recomendação, comprovação da proficiência em inglês e a carta de aceitação de alguma instituição australiana. Outras especificações podem ser exigidas pela instituição procurada pelo estudante.
“Os estudantes devem avaliar os pré-requisitos do curso de interesse, pois variam de curso para curso, e também o tipo de visto que precisará obter”, informa Patricia Monteiro, que explica que, no caso de colaboração em pesquisa, os cientistas devem entrar em contato diretamente com o grupo com que têm afinidade.
Persistência
Vale lembrar que a aprovação nem sempre vem com a primeira tentativa e é preciso dedicação. Exatamente pela complexidade destes processos, órgãos como a Fundação Estudar se dedicam a produzir palestras e cursos voltados a estudantes que buscam uma experiência de formação internacional.
Outros projetos de bolsa do governo australiano são o Global Connections Fund e o Global Innovation Linkages, que não estão com inscrições abertas no momento, entretanto abrem novas chamadas periodicamente.
Informações sobre vistos podem ser encontradas no site do departamento de imigração da Austrália. Saiba todos os detalhes sobre o programa Endeavour Scholarships and Fellowships clicando aqui.