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Quer mudar de área? O agronegócio é terreno fértil para a carreira

Agronegócio é terreno fértil para a carreira. Profissionais de diversas áreas, do Direito ao Turismo, podem conseguir boas experiências. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Agronegócio é terreno fértil para a carreira. Profissionais de diversas áreas, do Direito ao Turismo, podem conseguir boas experiências. (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Em tempos de crise econômica, quem busca especialização pode mirar um setor que está “salvando a lavoura” no Brasil: o agronegócio. Com crescimento estimado de 3% em 2016 pela Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA), o agronegócio responde por 22% do PIB. E as oportunidades para atuar no segmento abrangem várias áreas profissionais, como Direito, Turismo e Economia – afinal, grande parte do trabalho acontece fora das fazendas.

“A produção envolve a transformação de produtos e demanda infraestrutura para transporte, armazenagem, conceitos de economia e tecnologia da informação”, exemplifica Eugenio Stefanello, doutor em Economia Agrícola e coordenador do curso de Pós Graduação em Direto Ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Stefanello identifica forte carência de determinados especialistas, sobretudo em economia rural. Por isso, economistas e contadores peritos no setor agro, e profissionais com formação em agrárias e especialização em economia encontram boas oportunidades.

Karina Neves Gonçalves é um exemplo. Analista fiscal da cooperativa Frísia, ela destaca a importância de conhecer o “outro lado da por teira”. “Para nós, contadores, não basta fechar balanços e números. Precisamos saber sobre a produção para passar segurança nas informações que produzimos”, enfatiza.

A contabilista ingressou recentemente na pós-graduação em Inovação e Gestão Estratégica no Agronegócio, promovido pelas cooperativas Frísia e Castrolanda, em parceria com a Universidade Positivo (UP). Cerca de 50% das aulas são presenciais, em Carambeí. “A outra metade acontece em atividades expositivas nas fazendas, no porto, e em outros locais. Mais de 80% dos professores são executivos que atuam no mercado”, destaca o coordenador Giovani Ferreira, que também é gerente do Núcleo de Agronegócios da Gazeta do Povo.

Cerca de cinco projetos da cooperativa surgiram por causa de trabalhos desenvolvidos para ocurso(que está na quarta turma).“Incentivamos que, além de funcionários, produtores rurais participem”, conta o gerente de pessoas da Frísia, Walter Perpetuo Ribas.

A evolução dos “cursos agro” é natural, acredita Ferreira, pelo avanço do negócio no país. “O Brasil praticamente dobrou a produção na última década, o que torna o mercado dinâmico. Particularmente, o Paraná é o estado mais agroindustrial do país, com um forte diferencial logístico: seus portos”, opina. Neste sentido, ele destaca a importância de especialistas em infraestrutura, como em transportes, para o mercado agrário.

Como todo o trabalho de produção é multidisciplinar, muitos acabam “se encontrando” nesse meio. “E sequer precisam sair dos grandes centros urbanos”, aponta Ferreira. Tanto ele quanto Stefanello reforçam que cooperativas e empresas rurais têm forte demanda por profissionais de tecnologia da informação para auto- matizar processos e aumentar a produtividade.

Advogados também podem impulsionar a carreira no setor pelo Direito Ambiental, com conhecimento em licença ambiental, leis hidro- gráficas e florestais para o uso de terras.

Outra ótima oportunidade para quem deseja trabalhar no setor do agronegócio é a exploração do turismo rural. “Já ouvi reclamações que falta gente especializada no campo. Inclusive, nos cursos relacionados ao agronegócio não há esse ensino [de turismo]”, diz o professor Stefanello, destacando que tanto turismólogos quanto pessoas que já vivem e trabalham no meio agrícola podem se especializar nessa vertente.

Especialização é essencial para trabalhar no ramo

A capacidade produtiva e a expansão brasileira no mercado internacional também incentiva a agricultura familiar, sendo que uma especialização auxilia no processo de sucessão no campo, indica Ferreira. E também fomenta novos negócios, favorecendo o empreendedorismo. Neste quesito, entre as universidades públicas, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) se destaca.

A UEM é a única paranaense no ranking das universidades mais empreendedoras do Brasil, elaborado pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores – reconhecimento em parte ligado ao bom trabalho do Centro de Ciências Agrárias. “A maioria dos nossos professores tem projetos desenvolvidos em parceria com cooperativas, propriedades de agricultores e institutos de pesquisa”, relata Antônio Carlos Saraiva da Costa, coordenador da pós em Agronomia da universidade.

Hoje produzimos [Paraná] mais de 10% do total nacional de grãos, mas podemos voltar à liderança se aumentarmos a produtividade. Estamos em uma região privilegiada para formar pós-graduados de excelente nível”.

Antônio Carlos SaraivaCoordenador da pós-graduação em Agronomia da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Da universidade, já saíram herbicidas utiliza- dos em estados e países que comportam a Bacia do Paraná – região geológica que vai do triângulo mineiro ao Uruguai, passando por Paraguai e Argentina. “Como resultado, o estudante acaba desenvolvendo novas soluções para o merca- do ou é contratado por cooperativas e empresas”, afirma Saraiva.

De acordo com Saraiva, a profissionalização da área no Paraná é maior. “Exportamos agrônomos para o Brasil inteiro”, frisa.

Uma prova desse prestígio são os cursos de graduação em Agronomia da UEM e da UEL (Universidade Estadual de Londrina): 7.º e 10.º lugares no Ranking Universitário Folha 2016. Outro diferencial, lembra Saraiva, está no mercado de trabalho: as cooperativas agropecuárias Coamo e Cocamar, por exemplo, estão entre os 200 maiores grupos empresariais do Brasil.

Se habilitar é essencial para avançar no setor agro, salienta o gerente de pessoas da Frísia, Walter Perpetuo Ribas. “O mínimo que qual- quer profissional precisa para fazer carreira é apresentar uma titulação de agronegócios, como uma pós-graduação. Se dois candidatos empatarem no processo seletivo, a pós sempre vai ser o diferencial, já que a empresa não precisará dispender tempo nem recursos para ensinar”, fala. Fora que os cursos auxiliam nas especificidades do segmento. “O profissional que ainda não está neste meio não entende como funciona troca de insumos por grãos, ou o funcionamento de bolsas como a de Chicago [que trabalha com operações ligadas ao agronegócio]”, exemplifica o coordenador de gestão de pessoas da Castrolanda, Amilton Pires.

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