De acordo com levantamentos feitos pela Associação das Agências de Intercâmbio (Belta), o Canadá é, há doze anos, o destino mais desejado pelos brasileiros que buscam uma experiência internacional. Não é uma grande surpresa, portanto, que o país também esteja nos sonhos de quem busca um emprego em outro país. Mas, como acontece com processos desse gênero, não é tão fácil entender a lógica que rege a concessão da permissão para apenas trabalhar no país, sem que isso esteja vinculado a um programa de estudos.
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Apesar do discurso pró-imigração, visto do Canadá exige paciência e tempo
Segundo a consultoria de vistos Immi Canada, o visto de trabalho mais procurado por brasileiros é aquele vinculado a uma oferta de trabalho. A boa notícia é que as empresas canadenses estão em busca de profissionais qualificados de todo o mundo.
“Ter uma oferta de trabalho estando ainda no Brasil não é algo tão fácil de acontecer, pois a empresa não tem a possibilidade de testar as habilidades do profissional previamente”, diz a consultora de imigração e CEO da Immi, Celina Hui. “Quem já está no Canadá, por exemplo, como estudante de nível superior, e que, por conta disso, possui uma permissão de trabalho, tem mais chances, pois já haverá a oportunidade de networking”, acrescenta ela.
Profissional qualificado
O primeiro passo é a contratante provar para o governo do Canadá que nenhum cidadão canadense ou residente permanente no país é apto para desempenhar aquela função específica e por isso há a necessidade de contratar um estrangeiro. As autoridades, então, analisam o pedido para ver se a empresa realmente buscou esse profissional local antes de autorizar a continuidade do processo.
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“Com a aprovação por parte do governo, chega o momento do contratado solicitar o visto de trabalho perante à imigração canadense, comprovando que já tem o aval do governo, que cumpre com os requisitos exigidos para aquela função, experiência na área, entre outros”, explica Celina. O processo pode levar de duas a 16 semanas.
Fundado há 150 anos, o Canadá é um país muito novo e tem demanda por mão de obra qualificada em muitas áreas. A consultora destaca profissionais da área de TI como aqueles com mais chances de encontrar boas oportunidades.
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Procedimento rigoroso
Morando em Vancouver, na costa Oeste do país, há quatro anos, André Carvalho trabalhava em uma agência de intercâmbio em Belo Horizonte, Minas Gerais, quando se encantou pelas possibilidades oferecidas pelo Canadá e convidou a namorada Amanda, hoje sua esposa, para fazer as malas rumo ao Canadá. Atualmente, atua como gerente de marketing em uma escola voltada para o estudo da língua inglesa para o público internacional.
Ele conta que passou por vários vistos, todos vinculados ao emprego e com assistência de uma consultora, até que chegasse ao seu status atual de residente permanente.
“Costumo dizer que o Canadá sabe muito mais da minha vida do que eu mesmo”, brinca. “Isso porque são solicitadas milhares de informações, algumas que eu nem lembrava que existiam. Para processos que apliquei, foram solicitados informações sobre meus estudos no Brasil e suas confirmações, como histórico escolar, certificados e diplomas. Em muitos dos processos foram necessários até mesmo histórico das minhas viagens internacionais desde os meus 18 anos”, conta.
Ele também precisou apresentar documentos que comprovassem sua situação financeira, além de cartas de recomendação de antigos empregadores e amigos. A empresa em que trabalha, por sua vez, também foi submetida a uma avaliação minuciosa, com análise de licenças para funcionamento, certificados, histórico de funcionários e uma declaração atestando a importância dessa mão de obra qualificada.
Celina ressalta que o mundo não é um mar de rosas para quem decide se aventurar buscando uma oportunidade no país. “Os processos são todos muito minuciosos, nem todas as empresas estão abertas em realizar o apoio na contratação de estrangeiro, por conta de prazos e custos”, declara. “Não é algo fácil, não é simplesmente ‘aplicar’ e ir trabalhar”.
Decisão precisa ser calculada
Segundo números dos censos realizados no país em 2011 e 2016, dois terços do crescimento de 1,7 milhões de pessoas nesses cinco anos deve-se à imigração. Atrativos como segurança, qualidade de vida e uma experiência multicultural atraem os brasileiros para o Canadá, mas mudar-se sozinho para outro país nunca é fácil. “O fato de ter a minha esposa ao meu lado facilitou a decisão de ficar e investir em uma nova vida no Canadá”, garante Carvalho.
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“Decidir ficar em Vancouver foi basicamente pensar em quais tipos de valores estávamos procurando para as nossas vidas”. Enquanto o Brasil representava uma zona de conforto, o país norte-americano traria desafios como se adaptar a uma nova cultura e ficar longe da família e dos amigos. “Porém, [o Canadá] nos dava qualidade de vida como segurança, educação e o espírito de comunidade. Mais além, oportunidade de crescimento profissional e qualidade na educação e vida para os nossos futuros filhos”.
Domínio da língua
Por isso, é importante se preparar o melhor possível para a mudança e um passo fundamental é se dedicar ao estudo da língua local para que ela não seja um obstáculo. No caso do Canadá, pode ser o inglês ou o francês. Ter habilidade com a língua estrangeira vai garantir não apenas melhores oportunidades de emprego e estudos, como também facilita a expressão de sentimentos e ideias, facilitando a adaptação com os locais.
André Carvalho aconselha quem está buscando uma oportunidade fora do Brasil a planejar-se em curto, médio e longo prazo. “Processos de vistos e imigratórios são, em sua maioria, muito burocráticos e demandam tempo e paciência. O fato de você ter um plano esquematizado fará com que você tenha uma melhor visão do presente e do futuro, assim conseguindo aproveitar melhor as suas oportunidades”.
Outras informações sobre as opções de visto podem ser encontradas na sessão de imigração no site do governo canadense: www.cic.gc.ca
