O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), secretário-executivo da frente parlamentar que defende o voto "Sim", disse neste domingo que a campanha contra a proibição da venda de armas foi prejudicada pela crise política do governo Lula, pela decepção da população com este governo e com os anteriores e pela falta de respostas dos governos federal e estaduais ao problema da segurança pública.
- A falta de respostas e de alternativas para atender à demanda da sociedade no âmbito da segurança fez com que as pessoas transformassem o referendo numa espécie de plebiscito a favor ou contra as condições de segurança no país. O referendo vai produzir uma sombra nas eleições de 2006. Quem quiser ganhar as eleições para o Executivo em 2006 vai ter que ser um homem limpo e ético, mas que dê respostas à questão da segurança. Os futuros governantes vão ter que responder para valer e não empurrar com a barriga a questão da segurança nos estados e no Brasil. Com seu voto no "Não", as pessoas mostraram que se sentem sem amparo. O próximo presidente não deve fazer marketing e depois deixar o projeto na estante - disse o deputado.
Jungmann cobrou do governo federal a implantação do Sistema Unificado de Segurança Pública (SUSP), uma promessa do governo federal que não vem sendo cumprida. Ele criticou o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, por contigenciar as verbas do Orçamento para a segurança pública.
- O SUSP precisa ser regulamentado e concluído. Eu proponho, e sei que muitos irão protestar, que durante um certo número de anos é preciso haver vinculação entre fontes de receita e despesa, a exemplo do que já existe na Saúde e na Educação. A população está se sentindo desvalida e frustrada pela falta de respostas no âmbito da segurança pública.
Para o deputado, o resultado do referendo mostrou também que está se criando uma onda conservadora no país. Jungmann criticou a falta de participação dos líderes dos partidos da centro-esquerda na luta pelo "Sim". Segundo ele, pela primeira vez, desde a redemocratização, a centro-esquerda pode perder o espaço político hegemônico para a direita:
- As grandes forças políticas do país, como o PT, o PMDB, o PSDB e o PFL não se envolveram na luta pelo "Sim". Talvez porque estivessem numa luta de vida ou morte pela agenda política de 2006 ou porque estivessem querendo salvar seu próprio pescoço durante a crise política. Aquele conjunto de forças políticas da centro-esquerda que tinha uma certa hegemonia desde o fim da ditadura, está se apartando da sociedade civil, que está cansada. A sociedade acha que deu muito e não teve aquilo que esperava ter da centro-esquerda desse país. Isso abre espaço para o crescimento de forças conservadoras de direita. Se não houver, do centro para a esquerda, uma reciclagem e uma apresentação de mudanças efetivas, o Brasil pode dar uma guinada para a direita.
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