À frente da Fesa, uma das maiores empresas de recrutamento de executivos do Brasil, o empresário Alfredo Asumpção está lançando seu quinto livro na área de carreira e gestão de pessoas. Talento - A Verdadeira Riqueza das Nações (Editora Scortecci, R$ 35) discute a escassez de bons profissionais no mercado brasileiro e aponta direções para solucionar o problema. Segundo ele, governos, empresas e universidades podem dividir a função. Ele fala também sobre a retenção dos talentos, área que ganha cada vez mais atenção das empresas diante do cenário de falta de mão de obra qualificada. Segundo ele, a única forma de garantir a permanência dos funcionários é oferecendo a possibilidade de que ele exerça todo o seu potencial no trabalho. Se forçado de mais, ou de menos, acaba pedindo demissão. Leia os principais trechos da entrevista:
Como o senhor define o talento?
É a condição de se fazer necessário para uma determinada função, realizando sonhos próprios ou de terceiros, com feitos memoráveis que alteram para melhor uma condição vigente. Ser talento é realizar por toda a vida, sem nunca parar de evoluir. É conseguir responder aos próprios desejos ou de outro ser humano, na forma de resultados alcançados, que signifiquem um bem para a humanidade, satisfazendo o ambiente onde estiver inserido. Talento é criar empresas que privilegiem diversidades, aceitando ideias e propostas que signifiquem mudar para crescer e desenvolver-se em meio a diferentes hinos, crenças, cores, nacionalidades, inclinações políticas, possibilitando seres humanos somarem-se para, como um grupo sólido, representarem uma instituição sustentável, conquistando mercado no globo, como modelo ótimo de mundo corporativo. Saber se portar e decidir caminhos.
Boa parte do livro discorre sobre as crises econômicas. Como elas influenciam o surgimento de novos talentos?
Por trás de uma crise, sempre há o fator humano. São talentos que se tornaram obsoletos e que precisam ser substituídos. As crises são grandes oportunidades de aprendizado para o mercado e para os executivos. Aqueles que conseguem fazer com as empresas se recuperem das crises são aqueles que se fizeram necessários, são os reais talentos.
No Brasil, a educação costuma ser um empurra-empurra de responsabilidades. A família empurra para a escola, que empurra para o Estado, que empurra para o mercado. Como romper esse ciclo?
Uma solução seria o desenvolvimento de parcerias entre as empresas, universidades e o governo. Dessa forma, talentos qualificados para atuar no mercado de trabalho seriam formados não só pelas universidades, mas poderiam continuar sua formação dentro das empresas. Uma sugestão, por exemplo, é a criação de um sistema em que estudantes passariam dois anos em empresas absorvendo o dia-a-dia da companhia, custeados por uma bolsa e treinados por profissionais experientes. Em compensação, o governo deixaria de cobrar tributos sobre o pagamento desse pessoal. A participação das universidades entra na escolha dos selecionados, que poderiam representar até 10% do total de trabalhadores da empresa. Em um país com carga tributária tão alta como o nosso, seria uma forma de usar estes tributos de forma benéfica à economia.
Quais as políticas mais eficientes para a retenção de talentos por parte das empresas?
Retenção de talentos se faz proporcionando às pessoas a possibilidade para que atinjam a felicidade no ambiente organizacional. E isso não se consegue através de assistencialismo, zona de conforto ou altos salários e grandes pacotes de benefícios. Mas, sim, com a utilização plena do potencial do ser humano. O ser humano se é subutilizado pede demissão e vai buscar um local onde se realizar. E se é utilizado acima de sua capacidade, vai adoecer. É também motivo para pedir demissão e buscar outro local para se realizar.
É mito ou verdade que a geração Y está menos preocupada com a estabilidade no emprego e mais interessada em grandes desafios, e por isso troca mais de emprego?
A geração Y também se alinha com o que disse antes. Estamos falando aqui de pessoas extremamente bem preparadas para desempenhar determinadas funções que quase sempre têm maior conteúdo do que as funções que as empresas oferecem para esta geração desempenhar. Surge a frustração e esses profissionais se desligam para experimentar outras empresas ou mesmo experimentar o negócio próprio. A única forma de a empresa conseguir reter esses profissionais é através da contratação certa. O profissional deve ter o tamanho da função que irá desempenhar. E, em função dos resultados alcançados, receber remuneração também compatível.
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