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Revólver roubado causa bate-boca

Muito mais difícil do que localizar as armas usadas em um crime é encontrar dados oficiais a respeito das armas e munições utilizadas pelos bandidos. Movimentos favoráveis e contrários ao desarmamento até concordam em muitos aspectos no que se refere às inúmeras origens possíveis de revólveres, pistolas, metralhadoras, fuzis e granadas. As divergências concentram-se na participação de cada origem no total de crimes. Um dos argumentos principais de quem defende a proibição da venda de armas é a possibilidade de o arsenal civil ir parar nas mãos da bandidagem.

Marco Antônio dos Santos, presidente da Federação Brasiliense de Tiro Desportivo, minimiza a participação nos crimes de armas que foram compradas legalmente. Segundo ele, são apenas 3%, conforme estudo realizado no estado de Goiás. "O que é coerente com o porcentual de lares que possuem armas, que é de 3,5%", diz. "Aliás, essas armas não são necessariamente roubadas ou furtadas. Muitas vezes, o cidadão vende a arma, e depois faz um boletim de ocorrência declarando que ela foi roubada." Para Santos, tem muito mais peso o contrabando – que responderia por 70% das armas utilizadas em crimes – e o furto ou desvio de armas de empresas de segurança e das apreendidas que ficam em depósitos de delegacias e da Justiça.

Os números das secretarias de segurança desmentem o esportista. Mesmo sendo contrário ao desarmamento, o delegado Messias admite que, ao menos no Paraná, metade das armas que hoje chegam às mãos de criminosos já fizeram parte do mercado legal e acabaram roubadas ou furtadas nas residências de cidadãos comuns. Dados da Secretaria de Segurança paulista citados pelo sociólogo Antônio Rangel Bandeira, do movimento Viva Rio, indicam que, em São Paulo, 52% das armas apreendidas entre 2000 e 2003 haviam pertencido a proprietários legais. No Distrito Federal, esse percentual foi de 29% entre 2001 e 2003, de acordo com a Polícia Civil. São dados muito diferentes do que os apresentados por Santos. Prova de que, na campanha eleitoral do referendo, fica difícil saber em quem acreditar. (FJ)

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