O primeiro lugar no ranking das economias do mundo não é suficiente para livrar os Estados Unidos da desigualdade social. Os 29 milhões de americanos mais pobres - 10% da população - têm renda per capita anual de US$ 7.146 dólares por ano enquanto dos 10% mais ricos ganham 15,7 vezes este valor ou US$ 112.454 por ano, mostra o Relatório de Desenvolvimento Humano 2005 do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) e do Banco Mundial.
Essa disparidade coloca os Estados Unidos entre os 50 países com maior desigualdade, com Índice Gini de 0,408. O índice de Gini é indicador de desigualdade social que varia numa escala de 0 a 1. Quanto mais perto de 1, maior a desigualdade, é como se uma única pessoa ficasse com toda a riqueza, enquanto o zero ocorreria se todos ganhassem igualmente a mesma quantia.De acordo com relatório, índice de Gini dos EUA é pior do o do Camboja (0,404), o de Moçambique (0,396) e o do Vietnã (0,37), mas bem melhor do que do Brasil que tem um índice de 0,593 e é o quinto país mais desigual do mundo.
Na relação entre os Estados Unidos e Brasil também chama atenção o fato de que a parcela mais pobre da população americana tem uma renda praticamente igual à renda per capita média do brasileiro que está em U$ 7.560 dólares por ano. Ou seja, se toda a renda gerada no Brasil fosse dividida igualmente pela população, a desigualdade desapareceria e todos os brasileiros teriam um padrão de vida semelhante ao dos americanos mais pobres. O que não acontece porque a desigualdade no Brasil é ainda maior do que as dos Estados Unidos e a diferença entre os ganhos dos 10% mais ricos e os dos 10% mais pobres chega a 68 vezes.
O relatório da PNUD revela ainda que os indicadores na área de saúde dos EUA também variam de acordo com a renda, a cor e até mesmo o idioma nativo do paciente. Os negros e latinos são maioria entre os pobres. A chance de os filhos de negras morrerem antes de completar um ano é o dobro da de um bebê de uma mulher branca. "Um menino recém-nascido de uma família entre os 5% mais ricos terá uma vida 25% mais longa do que um garoto nascido entre os 5% mais pobres", informa o relatório.
Um dos fatores apontados no documento para explicar a persistência da desigualdade é o fato de os Estados Unidos serem o único país rico do mundo que ainda não universalizou a cobertura de sua rede de saúde pública. A restrição a remédios e cuidados médicos pode ser maior ou menor, de acordo com a renda, etnia ou cor do paciente. Mais de um terço dos hispânicos (34%) que vivem no país não conta com o benefício. A proporção é maior que entre os negros (21%) e entre os brancos (13%).
De acordo com PNUD, no caso dos Estados Unidos, essa falta de acesso a cuidados médicos não é resultado de falta de dinheiro, mas de má administração. "Os Estados Unidos investem em saúde o dobro do recomendado pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Outros países que gastam menos, no entanto, têm uma população mais saudável", afirma o PNUD. "Se a diferença de acesso a cuidados médicos e remédios entre negros e brancos fosse eliminada, seriam salvas cerca de 85 mil vidas por ano", afirma o estudo do PNUD.
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