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Você espera ansioso pela resposta de uma entrevista de emprego. Quando chega a notícia da sua contratação, a vontade de comemorar é tudo o que lhe passa pela cabeça. Não é para menos: a crise econômica tem estreitado cada vez mais as portas do mercado de trabalho e dificilmente alguém consegue recusar uma boa oportunidade. Mas o que muita gente esquece é de negociar demandas pessoais antes de assinar o contrato com uma empresa.

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Se o candidato, por exemplo, precisa sair mais cedo determinados dias da semana para buscar o filho na escola e expõe isso antes de começar o trabalho, pode evitar conflitos com o chefe lá na frente, segundo especialistas.

O problema é que impor muitas restrições logo quando se chega pode comprometer sua entrada no emprego dos sonhos. Entre o medo de perder a vaga e a possibilidade de estabelecer uma conversa transparente com o recrutador, o candidato, em geral, tende a optar pela primeira opção por não conseguir encontrar um equilíbrio entre os dois pontos.

E onde é que mora o meio-termo? O que é possível negociar e em que aspecto as companhias são menos ou mais flexíveis? Segundo, o CEO e sócio-fundador da Propósito Capital Humano, André Caldeira, vai depender da empresa. É por isso que, segundo ele, o primeiro passo de quem vai se candidatar a uma vaga é pesquisar o máximo que puder sobre a organização, o setor em que ela atua e o cargo que se quer ocupar.

Cartas na mesa

10 passos para negociar com transparência e cautela

1) Pesquise sobre a empresa, o setor em que ela atua e a vaga à qual você concorre. Saiba quais condições de flexibilização são oferecidas com mais frequência.

2) No momento em que for se candidatar, evite impor restrições logo de início. Alguns processos seletivos, por exemplo, são feitos por meio de softwares e, se você cadastra seu currículo com limitações, pode perder a chance de ser chamado para uma entrevista.

3) Avalie sua raridade no mercado. Pense no que você tem para oferecer e de quanto disso as companhias precisam. Sua margem de negociação vai partir desta análise.

4) Caso a vaga lhe interesse, se mostre empático desde o começo da entrevista e ouça o que o empregador tem a dizer.

5) Faça perguntas, com sutileza e atenção. “Como funcionam os horários na empresa? E os regimes de escala? Quais são os benefícios oferecidos?”. Isso te dará embasamento para negociar mais tarde e ainda ajuda a demonstrar interesse.

6) Só negocie na última etapa do processo de recrutamento, quando estiver prestes a assinar o contrato. Esse é o momento em que você tem acesso ao seu supervisor imediato e acertar alguns pontos diretamente com ele pode ser muito eficaz.

7) Analise a fala e a postura corporal do recrutador. Isso diz muito sobre o nível de abertura que ele dará às suas demandas.

8) Separe o que realmente precisa ser negociado do que é passível de um plano B.

9) Apresente as demandas que já passaram pela sua peneira e coloque as cartas na mesa.

10) Coloque-se à disposição para ouvir as contrapropostas do empregador.

Em companhias maiores, a política de cargos e salários geralmente é mais rígida. Nesses casos, é um pouco difícil negociar pontos, como salários e nome do cargo. Já em empresas familiares, as negociações tendem a fluir mais facilmente por ocorrerem de maneira mais direta. Ainda assim, cada organização tem suas particularidades. Desta forma, mesmo se o candidato não consegue encontrar informações necessárias em materiais institucionais, o ideal é fazer contato com quem já trabalhou ali para mapear até onde se pode ir em uma negociação.

Outro fator a ser considerado, segundo André, é a maneira como o recrutamento é feito. Nem sempre a contratação é realizada pela companhia de onde vem a vaga. Muitas vezes isso fica a cargo de uma consultoria especializada e, nesse caso, as condições da oferta são menos flexíveis. Mas isso, em geral, muda um pouco quando a busca é por profissionais bem específicos e raros. E aí entra um fator fundamental a ser analisado: o seu valor no mercado.

O peso do currículo

Conforme explica o consultor de carreira da ESIC Business & Marketing School, Alexandre Weiller, é importante que o profissional pese suas competências para avaliar seu índice de raridade, conhecendo a fundo seus diferenciais. Partindo desta avaliação, o candidato conseguirá sentir sua margem de negociação e se poderá obter mais flexibilidade - ou não. “É necessário questionar: ‘o que eu tenho?’, ‘de quanto disso o mercado precisa?’. Isso vai ser determinante na hora de negociar”, salienta.

Ao mesmo tempo em que deve alinhar suas exigências ao seu potencial de mercado, o profissional precisa se valorizar. Segundo a trainer do Instituto Brasileiro de Coaching, Renata Lemos, na hora de definir o salário, por exemplo, o candidato pode se basear ou na média de remuneração da empresa ou na média salarial de seus últimos empregos.

Alexandre alerta que, raro ou não, o candidato deve tomar muito cuidado ao ponderar suas necessidades de modo a não parecer arrogante. “A contratação é sempre uma negociação, mas não deve se tornar um cabo de guerra entre o candidato e o recrutador”, explica.

Empatia

E como se impor, sem dar a impressão de ser uma pessoa irredutível? Segundo Renata, o caminho é se mostrar empático desde a entrevista. Mostrar interesse na vaga, caso ela realmente atenda às suas expectativas, ouvir ao máximo o que o empregador tem a dizer e fazer perguntas sobre as possibilidades que a companhia oferece são um bom começo.

A coach orienta também que o indivíduo questione o que achar importante de maneira informativa – buscando compreender as condições básicas da empresa, como horários, salários e benefícios. “Isso mostra que você está atento”, diz.

O momento ideal de iniciar uma negociação efetiva é a última fase do recrutamento, ou seja, quando você está prestes a assinar o contrato de emprego. Normalmente, esta é a hora em que o profissional tem acesso direto ao seu supervisor imediato e uma conversa franca para colocar as cartas na mesa é muito importante e pode prevenir tensões futuras, desde que se negocie com a cautela necessária, de acordo com Renata. “Por fim, conclua a conversa se colocando aberto para escutar o que a empresa tem a dizer”.

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